Escolas aderem a programas de massagens
“O que estamos a fazer é criar alicerces em termos de cidadania”, observou a também instrutora, acrescentando que “como forma de comunicação gera muitos benefícios físicos e emocionais, e isso reflecte-se” nas crianças.
Desde 2010, só na cidade de Faro o programa já chegou a cerca de 1353 crianças com idades entre os 4 e os 12 anos, uma prática que, segundo a fisioterapeuta, ajuda a substituir o “bullying” e a violência nas escolas por respeito, ajudando igualmente na concentração.
De acordo com Sílvia Conde, a introdução do toque positivo às crianças promove a motivação para a aprendizagem, ao fazer o balanço entre as hormonas que promovem o relaxamento e as hormonas relacionadas com o stress.
“Muitas vezes acontece que são crianças que em termos cognitivos têm capacidade e depois reparamos que não atingem as metas porque em termos de relação, da parte emocional, há ali situações que não o permitem”, comentou.
A meio da manhã, na EB1 de S. Luís, a turma do 4.º ano da professora Anabela Pimenta organizou-se aos pares e, de repente, fez-se silêncio na sala de aula.
Sílvia Conde deu início à sessão com a turma com quem trabalha pelo quarto ano consecutivo e metade dos alunos fizeram aos seus pares a pergunta de arranque da rotina de massagens, já bem memorizada: “Posso fazer-te uma massagem?”
Naquela turma é difícil contabilizar quem gosta mais de receber as massagens e quem gosta mais de as oferecer, mas Rodrigo, de 8 anos, comentou: “Fazendo as massagens nós ficamos mais amigos”.
Na capital algarvia, estas sessões são apoiadas pela União das Freguesias de Faro (Sé e S. Pedro) que garante que o programa é gratuito para as crianças envolvidas.
“Já estamos no quarto ano com o projecto implementado na sala e nota-se que há um maior respeito pelo outro, há talvez uma maior tolerância”, comentou a professora, cuja experiência lhe faz crer que as massagens podem ser instrumento de integração.
Àquela professora têm chegado relatos dos pais que dizem que os filhos se oferecem para fazer ou para ensinar a fazer massagens em casa.
“Explico à minha mãe que tenho aulas de massagens na escola e faço-lhe a ela”, contou o Rodrigo.
As massagens ultrapassam a sessão mensal de meia hora por turma ao serem transportadas para casa, mas também com sessões na sala de aula após a agitação do intervalo ou de uma visita de estudo.
A Associação Portuguesa de Massagens nas Escolas – MISA Portugal foi fundada em Julho deste ano com o objectivo de promover o programa e a técnica junto das comunidades educativas e privadas e dar formação. Conta actualmente com 102 instrutores em todo o país.