Enfermeiros mantêm greve nacional
No final de uma reunião dos dirigentes do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) para avaliar o apelo do Ministério da Saúde para os enfermeiros reconsiderarem as datas da greve nacional, tendo em conta o "cenário extraordinário" do surto de ‘legionella’, o dirigente sindical José Carlos Martins disse que esta não é uma questão suficiente para desconvocar o protesto. “Um surto de `legionella´ não justifica a desconvocação da greve nacional”, disse José Carlos Martins aos jornalistas.
Para o SEP, se o Ministério da Saúde acha mesmo importante desconvocar a greve, isso seria possível se tivesse respondido a um conjunto de reivindicações que o sindicato tem vindo a apresentar, como medidas para acabar com a exaustão dos profissionais ou a não admissão de mais funcionários. José Carlos Martins assegurou que, havendo necessidade, designadamente ao nível de Lisboa, poderão existir alguns ajustes.
“Haverá um número ajustado, em cada equipa e em cada hospital, a essa situação concreta”, disse. Segundo José Carlos Martins, “a Direcção-Geral da Saúde e o Ministério da Saúde sabem que, mesmo em greve, os enfermeiros prestarão os cuidados necessários”.
Sindicato dos Enfermeiros solicita reunião urgente com tutela
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses solicitou ao Ministério da Saúde a realização de uma reunião conjunta “ainda hoje”, tendo em conta a carta enviada quarta-feira pelo Ministério da Saúde a solicitar a reprogramação da greve.
Numa missiva dirigida ao ministro da Saúde, e disponível no site do SEP, pode ler-se a solicitação do sindicato de uma “reunião conjunta”, a realizar “face ao actual contexto”, motivada pelo pedido do Ministério da Saúde para reconsiderar as datas da greve nacional devido ao surto de ‘legionella’. Fonte do gabinete do ministro da Saúde não confirmou a realização da reunião.
Direcção-Geral da Saúde diz que fazer greve agora "não dignifica o processo reivindicativo"
O director geral da Saúde, Francisco George, considerou que fazer greve no contexto do actual surto de 'legionella' não dignifica o processo reivindicativo dos enfermeiros, depois do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses ter anunciado que vai manter a greve nacional, marcada para sexta-feira e dia 21, respondendo negativamente ao apelo do governo para reconsiderar as datas do protesto, tendo em conta o "cenário extraordinário" do surto de ‘legionella’.
Ainda antes de se conhecer a decisão do Sindicato, Francisco George disse aos jornalistas que fazer uma greve no contexto de “uma epidemia não iria dignificar os processos reivindicativos dos enfermeiros”.
Para George, os enfermeiros teriam ficado numa posição cimeira de negociação se tivessem desconvocado a greve nacional marcada para sexta-feira, como pediu o governo. “Estou convencido que se os enfermeiros adiarem estes movimentos reivindicativos ficam numa posição cimeira de negociação, com mais força”, declarou o director geral da Saúde.
“De manhã cedo falei com [a dirigente sindical] Guadalupe Simões e expliquei que não era oportuno, em termos de riscos que isso representa para os doentes”, acrescentou.
O diretor-geral da Saúde está convicto de que a greve pode ter implicações nos cuidados de saúde. “Em função da greve, ou não, teremos seguramente uma tradução nos cuidados aos doentes. Estamos a falar de 300 pneumonias em tratamento, cada uma delas com terapêutica endovenosa de 12 dias de duração, de quase 50 doentes em regime de cuidados intensivos e intermédios, alguns deles em ventilação. Chamei a atenção à senhora enfermeira, citei a minha experiência de médico, em cargos públicos, pai de uma enfermeira, expliquei que não era oportuno”.