Obstrução súbita da artéria

Embolia pulmonar

Atualizado: 
26/12/2019 - 11:10
A embolia pulmonar corresponde a uma repentina obstrução de uma artéria pulmonar provocada por um êmbolo, constituindo uma emergência médica.
Pulmões

A embolia pulmonar é a obstrução repentina de uma artéria do pulmão causada por um êmbolo, que pode ser um coágulo de sangue, gordura, uma bolha de ar ou outro fragmento capaz de obstruir um vaso sanguíneo.

Um êmbolo é, geralmente, um coágulo sanguíneo (trombo), mas podem também existir êmbolos gordos, de líquido amniótico, da medula óssea, um fragmento de tumor ou uma bolha de ar que se desloca através da corrente sanguínea até obstruir um vaso sanguíneo.

De modo geral, as artérias não obstruídas podem enviar sangue suficiente até à zona afectada do pulmão para impedir a morte do tecido. No entanto, em caso de obstrução dos grandes vasos sanguíneos ou quando se sofre de uma doença pulmonar pré-existente, pode ser insuficiente o volume de sangue fornecido para evitar a morte do tecido, o que pode acontecer em 10 por cento das pessoas com embolia pulmonar, situação conhecida como enfarte pulmonar.

Causas

O tipo mais frequente de êmbolo é um coágulo que se forma habitualmente numa veia da perna ou da pélvis. Os coágulos tendem a formar-se quando o sangue circula lentamente ou não circula de todo. Isto pode ocorrer nas veias das pernas de alguém que permanece na mesma posição durante muito tempo, podendo desprender-se o coágulo quando a pessoa começa a mover-se novamente. É menos frequente que os coágulos comecem nas veias dos braços ou no lado direito do coração. No entanto, uma vez que o coágulo formado numa veia se liberta e passa para a corrente sanguínea, é habitual que se desloque para os pulmões.

Sintomas

É possível que os pequenos êmbolos não causem sintomas, mas a maioria provoca dispneia (dificuldade em respirar). Este pode ser o único sintoma, especialmente quando não se produz o enfarte. A respiração é, frequentemente, muito rápida; a ansiedade e a agitação podem ser acentuadas e o indivíduo pode manifestar sintomas de um ataque de ansiedade. Pode aparecer uma dor torácica aguda, especialmente quando a pessoa respira profundamente.

Podem também surgir, em algumas pessoas, náuseas, desfalecimentos ou convulsões. Estes sintomas são, geralmente, o resultado, por um lado, de uma diminuição brusca da capacidade do coração para fornecer sangue oxigenado suficiente ao cérebro e a outros órgãos e, por outro lado, de um ritmo cardíaco irregular.

O enfarte pulmonar produz tosse, expectoração raiada de sangue, dor torácica aguda ao respirar e febre. Geralmente, os sintomas de embolia pulmonar desenvolvem-se de forma brusca, enquanto os sintomas de enfarte pulmonar se produzem em horas. Com frequência, os sintomas do enfarte duram vários dias, mas habitualmente diminuem de forma progressiva.

Nas pessoas com episódios recorrentes de pequenos êmbolos pulmonares, os sintomas como falta de ar crónica, inchaço dos tornozelos ou das pernas e debilidade, tendem a desenvolver-se de forma progressiva ao longo de semanas, meses ou anos.

Diagnóstico

O médico pode suspeitar da existência de embolia pulmonar baseando-se nos sintomas e nos factores de predisposição de uma pessoa. No entanto, há com frequência necessidade de certos procedimentos para poder confirmar o diagnóstico.

Uma radiografia do tórax, um electrocardiograma ou mesmo um exame de perfusão (cintigrafia ou gamagrafia). No entanto, a arteriografia pulmonar é o método mais preciso para diagnosticar uma embolia pulmonar, mas envolve algum risco e é mais incómoda que outros exames. Consiste em injectar na artéria uma substância de contraste (visível na radiografia) que flui até às artérias do pulmão. A embolia pulmonar aparece na radiografia como uma obstrução arterial.

Podem ainda efectuar-se exames complementares para averiguar a origem do êmbolo.

Prognóstico

As probabilidades de falecer por causa da embolia pulmonar dependem do tamanho do êmbolo, do tamanho e do número das artérias pulmonares obstruídas e do estado de saúde do doente.

O risco de embolia é maior em pessoas com perturbações cardíacas ou pulmonares graves. Aproximadamente 50 por cento das pessoas com embolia pulmonar não tratada podem ter outra no futuro. Cerca metade destas recidivas podem ser mortais. O tratamento com fármacos que inibem a coagulação (anticoagulantes) pode reduzir a frequência das recidivas em um de cada 20 casos.

Prevenção

Utilizam-se vários meios para impedir a formação de coágulos nas veias das pessoas com risco de embolia pulmonar. Recomenda-se o uso de meias elásticas, fazer exercícios para as pernas e uso de meias de compressão para as pernas, concebidas para activar a circulação do sangue, que reduzem a formação de coágulos na barriga da perna e, por conseguinte, diminuem a frequência de embolia pulmonar.

Por outro lado, existem medicamentos anticoagulantes amplamente utilizados para diminuir as probabilidades de formação de coágulos nas veias da barriga das pernas, mas que em caso algum devem ser utilizados sem indicação médica.

Tratamento

Inicia-se o tratamento da embolia pulmonar com a administração de oxigénio e, se for necessário, de analgésicos. Os anticoagulantes administram-se para evitar o aumento de volume dos coágulos sanguíneos existentes e para prevenir a formação de novos coágulos. A duração do tratamento anticoagulante depende da situação do doente.

No entanto, nos casos em que os êmbolos se repetem apesar de todos os tratamentos de prevenção ou se os anticoagulantes causam hemorragias significativas, o especialista pode considerar vantajoso optar pela cirurgia.

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Fonte: 
Manual Merck
Nota: 
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