Duplicação de genes aumenta função protectora em bactéria anti-dengue
A bactéria em causa chama-se "Wolbachia" e está presente na maioria dos insectos, tendo os cientistas Luís Teixeira e Ewa Chrostek detectado que o número de repetições de genes de uma região específica do genoma da bactéria, a Octomom, pode determinar o seu carácter patogénico: genes a mais podem ser letais para a bactéria.
Contudo, paradoxalmente, devido à duplicação dessa informação genética, "a 'Wolbachia' dá protecção contra infecções virais", sublinhou Luís Teixeira, exemplificando que a bactéria "bloqueia a infecção do mosquito com o vírus da dengue".
Uma experiência-piloto, financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates, para o controlo da transmissão da dengue, uma doença infecciosa, decorre em cinco países - Brasil, Austrália, Indonésia, Colômbia e Vietname -, onde foram libertados mosquitos-da-dengue com a "Wolbachia".
Os cientistas do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) descobriram que, quanto mais cópias genómicas de Octomom geram, mais as bactérias "Wolbachia" crescem e se tornam patogénicas, e mais cedo as moscas morrem.
Porém, segundo a investigação, quanto maior o número de cópias de genes, mais forte é também a protecção antiviral dada pela bactéria à mosca-da-fruta.
A dupla de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência pretende, em novos estudos, entender como a bactéria evolui, descodificando quais os genes da região do genoma (informação genética) identificada que são importantes, o que fazem, como interagem.
As conclusões da investigação foram publicadas hoje na revista PLOS Biology.