Dos tatuados de fresco às grávidas, há vários excluídos das dádivas de sangue

Os critérios aplicados pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) são apertados, escreve o jornal Público. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde vigoram restrições idênticas, apenas 39% da população está apta a ser dadora, lê-se no site do centro de sangue da Universidade de Stanford.
Quando vão a um serviço de colheita de sangue, os potenciais dadores são obrigados a responder a um questionário com 28 perguntas sobre o estado geral de saúde: transplantes, vacinas, casos de gripe, febre, consumo de drogas, etc. O inquérito entrou em vigor em Janeiro de 2013 e segue, de uma forma geral, as recomendações da Organização Mundial de Saúde e outras autoridades, como o Conselho da Europa e a Comissão Europeia. O objetivo é assegurar a máxima segurança a qualidade do sangue e minimizar o risco de transmissão de agentes infeciosos no recetor.
Em Portugal só podem dar sangue as pessoas saudáveis entre os 18 e os 65 anos, com peso superior a 50 Kg. As mulheres só devem dar sangue três vezes ao ano, no máximo; enquanto os homens o podem fazer quatro vezes. Os inquéritos são apenas a primeira fase de controlo da qualidade do sangue. Parte-se do princípio de que os dadores respondem com veracidade e estão cientes dos comportamentos que tiveram - o que, porém, nem sempre sucede.
A segunda fase é uma entrevista com médicos ou enfermeiros. A terceira fase passa por testes clínicos ao sangue com o objetivo de detetar infeções como as hepatites B e C e o VIH 1 e 2. O problema está no chamado "período de janela", durante o qual o sangue que contactou com um agente de doença ainda não produziu anti-corpos (o que pode ser detetável a partir das duas ou três semanas). Nesta fase a infeção está indetetável, sendo o inquérito é uma forma de contornar a existência desse intervalo de tempo. É que fora do corpo o sangue já não consegue produzir anti-corpos que confirmem a doença, mas continua a poder infetar quem o receber.