Doentes têm apenas três horas de enfermagem por dia
“É uma péssima média”, classificou Fernando Amaral, docente que coordenou o estudo, recordando que noutros países, como Reino Unido ou o Canadá, a média de horas é de sete por dia.
Nos hospitais analisados, há serviços “com uma média de 12 doentes por enfermeiro”, quando noutros países a média se situa em “um enfermeiro para cada cinco doentes”, observou Fernando Amaral, considerando que esta constatação “tem repercussões” na saúde dos doentes.
“Há poucos enfermeiros e o que pode acontecer é o aumento da mortalidade”, constatou, frisando que, “se existem poucos enfermeiros para vigiar os doentes, há a possibilidade de as pessoas morrerem”.
Fernando Amaral referiu ainda que “muitos dos reinternamentos ocorrem porque os doentes vão mal preparados para a casa”, devido à falta de enfermeiros, que leva também a que os serviços sejam “menos eficientes e que as demoras médias sejam maiores”.
Segundo o docente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), o Estado não “está a dar resposta à mudança demográfica”, em que os doentes, hoje, “são mais velhos e por isso têm mais dependências”, necessitando de mais cuidados de enfermagem.
O estudo envolveu mais de 300 enfermeiros e cerca de 2 mil doentes de medicina geral e de cirurgia geral de quatro hospitais da região Centro.