Doentes diabéticos internados no Hospital de Coimbra aumentaram 40%
Os doentes diabéticos chegam a representar 25% dos internamentos "na unidade de cuidados de AVC (Acidente Vascular Cerebral), nos cuidados intensivos cardíacos e na unidade de urologia e transplantação renal", sublinhou Margarida Bastos, coordenadora do Programa Nacional de Diabetes do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
Apesar desses dados, a taxa de mortalidade intra-hospitalar de doentes diabéticos no CHUC situa-se nos "7,3%", contrastando com "24% da média nacional", realçou.
Para melhorar os cuidados a portadores de diabetes e para reduzir os internamentos, o CHUC criou uma Escola da Diabetes, que arranca a 28 de novembro, pretendendo dar formação "pós-graduada a médicos, enfermeiros, psicólogos" e outros profissionais, avançou Francisco Carrilho, director do serviço de endocrinologia do hospital, durante uma conferência de imprensa para assinalar o Dia Mundial da Diabetes, que se comemora a 14 de novembro.
Também no primeiro trimestre de 2015 será constituída uma "unidade de pé diabético", que é "fundamental para impedir os internamentos", frisou Francisco Carrilho, referindo que a média de internamento para o tratamento desta doença é de 19 dias.
O internamento é longo para "se evitar a amputação", podendo-se gastar "menos dinheiro, caso se actue mais na prevenção", disse.
O pé diabético acaba por influenciar a média de internamento dos doentes diabéticos no CHUC, situada nos 9,9 dias, representando mais 3 dias de internamento que a média geral deste hospital.
Anualmente, o CHUC realiza "três mil consultas de diabete geral, 400 consultas para doentes com bombas de infusão de insulina, 862 consultas de pé diabético e 2.600 consultas de endocrinologia obstétrica", registou Francisco Carrilho salientando que tudo é feito "com uma equipa com 12 elementos".
O presidente do conselho de administração do CHUC recordou o "enorme esforço financeiro" que a doença representa, sendo que para o centro hospitalar, "só o custo de antidiabéticos orais e insulinas ultrapassa 2% da despesa com medicamentos".
"A promoção de estilos de vida saudáveis e correcções alimentares poderão evitar o alastramento desta patologia e por outro lado conter a sua evolução, nos casos de doença instalada", notou.
Segundo um relatório do Observatório Nacional da Diabetes, os custos com a doença representaram em 2013 cerca de 1.500 milhões de euros, correspondendo a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) e a 10% das despesas em saúde.
A prevalência da diabetes em Portugal voltou a aumentar em 2013, com 160 novos casos a surgirem por dia e com a população diabética a representar 25% da mortalidade nos hospitais, revelou o mesmo relatório.