Doentes com VIH com medicação para mais tempo e sem obrigação de consulta em 90 dias
Fernando Leal da Costa falava aos jornalistas no final da apresentação do relatório sobre a infeção por VIH, Sida e Tuberculose - 2015, referindo-se a dois despachos publicados hoje em Diário da República.
Para o ministro, esta e outras medidas recentemente aprovadas visam desbloquear dificuldades dos doentes e de organizações que trabalham na área da infeção.
Um dos despachos determina que as consultas para renovação da medicação para o VIH tenham um intervalo condicionado à decisão clínica, terminando assim com a obrigatoriedade da deslocação ao serviço de três em três meses.
“A partir de agora, fica à condição da decisão clínica considerada a mais adequada que esse tempo de intervalo entre consultas possa ser superior a 90 dias”, afirmou, esclarecendo que não foi delimitado qualquer intervalo máximo de tempo.
Outra medida prende-se com os rastreios à infeção realizados por organizações não governamentais, contratualizadas pela Direção Geral da Saúde (DGS).
Os doentes cujo rastreio identificava a presença do vírus tinham, até agora, de se deslocar ao centro de saúde para serem encaminhados para a consulta hospitalar.
“Isso é contra a natureza do nosso objetivo que é diagnosticar mais cedo, tratar mais cedo”, afirmou, acrescentando: “A partir de agora, as pessoas que fazem os rastreios nestas organizações que estão identificadas podem inscrever-se no próprio hospital e ter uma consulta no espaço de sete dias”.
Os que prefiram ser atendidos no centro de saúde poderão, contudo, continuar a fazê-lo, esclareceu.
“Sabemos que há doentes que, por razões que têm a ver com a terapêutica, precisam de ser vistas mais frequentemente. Mas também há outros que não precisam de ir ao centro de saúde com tanta frequência”, disse.
Também hoje foi publicada a Rede Nacional Hospitalar de Referenciação para a Infeção por VIH, a qual define quais os serviços onde os doentes devem ser tratados.
A escolha do hospital não é, para já, salvaguardada nesta rede, uma vez que o tratamento vai continuar a ser feito segundo a zona geográfica do doente.
“Esta rede identifica onde os doentes devem ser tratados, mas, por razões ligadas ao financiamento do tratamento, ainda vamos ter que continuar a responder à referenciação por zona geográfica”, disse Fernando Leal da Costa.