Saiba quais são

Factores de risco da doenças mentais e comportamentais

Atualizado: 
05/02/2020 - 16:08
Poderão ser identificados uma grande variedade de factores que condicionam a incidência, evolução e prognóstico das doenças mentais e comportamentais, nomeadamente factores económico-sociais, factores demográficos e clínicos.

Idade
A idade é uma determinante muito importante para a ocorrência e prognóstico das doenças mentais e comportamentais. Na verdade, algumas têm início precoce, como as perturbações emocionais originadas na infância e adolescência, outras ocorrem no final da adolescência e primeiras anos da vida adulta, como a esquizofrenia, outras são típicas do envelhecimento, como a doença de Alzheimer, e outras ainda, como a depressão, podem ocorrer em qualquer fase da vida.

No entanto, o envelhecimento, devido à menor capacidade funcional e ao maior isolamento social, favorece o desenvolvimento de doenças mentais, as quais apesar de comuns entre os idosos estarão subestimadas, pois muitas vezes não são diagnosticadas devido aos seus sintomas serem erradamente considerados como parte do processo de envelhecimento.

Sexo
A prevalência das doenças e perturbações mentais na globalidade não difere significativamente em função do sexo do doente. No entanto, relativamente a perturbações mentais e comportamentais específicas poderemos encontrar risco acrescido em função do género. Assim, a depressão e a ansiedade são mais comuns entre as mulheres, enquanto as perturbações associadas ao uso de substâncias psicoactivas e transtornos de personalidade anti-social são mais frequentes no sexo masculino.

Condição socioeconómica
A pobreza, o desemprego e o baixo nível educacional estão associados a um maior risco de doença mental. Alguns estudos mostram que estas doenças são duas vezes mais frequentes entre os grupos populacionais mais desfavorecidos.

Há também evidência de que o prognóstico da doença é condicionado pelo nível socioeconómico do doente, o que resultará do diferente acesso a cuidados de saúde mental.

Conflitos e catástrofes
A experiência de viver em situações de guerra ou grave convulsão social, ou ainda em situações de catástrofe, aumenta o risco de ocorrência de doenças mentais. Na verdade, verifica-se uma maior prevalência de perturbações mentais entre os cerca de 50 milhões de refugiados de guerra ou entre os milhões de pessoas afectadas por desastres naturais, incluindo terramotos, furacões, cheias e outras calamidades de grande escala.

As situações de conflito social originam com alguma frequência o stress pós-traumático, cuja prevalência na população mundial se estima em cerca de 0,4 por cento.

Co-morbilidade de doença física grave
O risco de ocorrência de doença mental aumenta em indivíduos portadores de doenças físicas crónicas ou graves, nomeadamente o cancro ou a SIDA, em consequência do sofrimento, da incapacidade e de sentimentos de medo ou impotência. Estima-se que cerca de 20 a 25 por cento dos doentes com doenças crónicas, como a diabetes, enfarte de miocárdio ou cancro, venham a desenvolver episódios depressivos.

Por outro lado, existe evidência científica de uma clara associação entre a saúde mental e saúde física dos doentes, pelo que estados afectivos angustiados e deprimidos desencadeiam uma cascata de mudanças adversas no funcionamento endócrino e imunitário criando uma maior susceptibilidade para a ocorrência de doenças físicas. A depressão e o stress originam prognósticos negativos em diversas doenças físicas co-existentes.

Factores sociais e familiares
O ambiente familiar e social está intimamente associado ao risco e ao prognóstico das doenças mentais e comportamentais. Os eventos significativos sociais e familiares que as pessoas experimentam ao longo da vida, sobretudo os desfavoráveis, como o luto, o divórcio, o desemprego ou fracasso em negócios, influencia a ocorrência e a evolução de perturbações mentais e comportamentais. Alguns estudos têm evidenciado que a ocorrência daqueles eventos tem precedido, por vezes de forma quase imediata, o início dos distúrbios mentais.

A existência de antecedentes familiares aumenta o risco de ocorrência de algumas doenças mentais, nomeadamente a depressão. O estado civil é também uma determinante de algumas perturbações mentais. Na verdade, o risco de depressão aumenta nos divorciados e viúvos, particularmente no sexo masculino.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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