O desafio da década

Doenças graves e civilizacionais

Os hábitos dos consumidores estão a mudar e as doenças civilizacionais são o novo desafio da indústria seguradora. Como antecipar e prevenir os novos problemas e qual o “pricing” que permite criar um produto de seguros com um preço “democrático” e, manter a operação da seguradora equilibrada.

A indústria tem de antecipar situações e, nessa ótica, a grande questão é saber que doenças antecipa, num futuro próximo, e de que forma poderão vir a afetar a cobertura?
A perspetiva de futuro é o crescimento das doenças civilizacionais, por exemplo as que derivam da má qualidade do ar e da má alimentação tais como a obesidade, diabete, cancro e doenças cardíacas e doenças respiratórias. A cobertura da maior incidência destas doenças levará os seguradores a terem de ajustar o “pricing” por um lado, mas também a apostar mais na prevenção e deteção precoce evitando custos mais gravosos no futuro. Do lado dos seguros de vida estas doenças resultarão em mais doenças crónicas incapacitantes que poderão agravar o número de situações de invalidez.

O uso abusivo de antibióticos e a consequente resistência aos mesmos é uma preocupações?
Os seguros de saúde cobrem já as situações oncológicas, desde que não sejam situações preexistentes. A questão levanta-se é se os capitais seguros contratados na maioria dos seguros são suficientes. Muitas pessoas valorizam ainda no seguro de saúde, as coberturas que, na verdade, não são, na sua essência, seguro, tais como dentes, óculos e medicamentos, e nem sempre tem perceção que o importante é garantir proteção para as situações em que o orçamento familiar pode ser insuficiente ou gravemente afetado, como é o caso de doenças graves, que implicam custos muitos elevados com cirurgias, internamentos e tratamentos muito dispendiosos. undi simus mos ne ped quatur?

E a existência de sintomas que possam levar a doenças já podem ser cobertos? E do lado dos clientes, terão estes a perceção do que efetivamente está coberto e da suficiência ou não dos capitais seguros?
A grande maioria das pessoas seguras não tem realmente uma noção muito concreta do que está efetivamente seguro, por falta de informação e correto esclarecimento. Esta é uma área em que se tem de apostar fortemente na comunicação para que as decisões de contratação de um seguro e dos capitais a segurar estejam adequadas às necessidades e perspetivas de cada pessoa.

Como devem e podem ser segurados os riscos de doenças mais graves?
As doenças graves estão, de uma forma geral, cobertas pela maioria dos seguros. Existem, no entanto, hoje dia produtos mais vocacionados para a cobertura de patologias mais graves, sejam pelo reforço de capitais, sejam pela inclusão de meios de prevenção e acompanhamento especializado quando surgem estas situações.

E as alterações climáticas que estão a criar alergias persistentes têm coberturas?
As alergias não são uma exclusão das apólices de seguro. No entanto, alguns medicamentos de prevenção, como vacinas podem não estar contemplados na maioria dos Planos de Saúde.

Qual a perspetiva e em que condições poderão estar cobertas as doenças pré-existentes?
Já existem seguradores que cobrem doenças pré-existentes, nomeadamente as de cariz mutualista. Nos seguros de grupo de maior dimensão também é possível assegurar a sua cobertura pela dispersão do risco. Para as restantes situações, esta cobertura só será viável se os seguros passarem a ter uma característica de complementariedade semi-obrigatória (como se verifica em alguns países) permitindo dimensão e economias de escala que absorva a inclusão dos riscos preexistentes.

A existência das chamadas doenças do século, como os AVC, a diabetes tem cobertura nos seguros de saúde?
Sim, estas doenças têm cobertura nos seguros atuais para a maioria dos seus tratamentos. O que pode muitas vezes não estar ajustado são, mais uma vez, os capitais seguros. Por exemplo, o capital de internamento pode não ser suficiente para uma situação prolongada numa unidade de cuidados intensivos.

Que garantias é possível fazer nos dias de hoje para acautelar a generalidade desse tipo de sinistros?
Sim, estas doenças têm cobertura nos seguros atuais para a maioria dos seus tratamentos. O que pode muitas vezes não estar ajustado são, mais uma vez, os capitais seguros. Por exemplo, o capital de internamento pode não ser suficiente para uma situação prolongada numa unidade de cuidados intensivos.

Fonte: 
O Jornal Económico
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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