Doença Renal Crónica afeta 195 milhões de mulheres
A lesão renal aguda associada a gravidez (nomeadamente a pré-eclampsia) é uma das causas mais frequentes de doença renal na mulher jovem e que pode levar a doença renal crónica terminal. A doenças auto-imunes são também mais frequentes nesta população sendo o Lupus Eritematoso Sistémico um exemplo.
Em termos globais, as principais causas de doença renal crónica são, hoje em dia, a diabetes mellitus e a hipertensão. Estas são doenças silenciosas podem progredir, muitos anos sem sintomatologia específica, causando lesão em diversos órgãos, entre os quais o rim.
As doenças de caráter hereditário (como a doença renal poliquística), as glomerulonefrites crónicas (como a nefropatia a IgA) e as doenças urológicas (litíase renal e hipertrofia prostática) são algumas de outras etiologias, embora com menor expressão.
Quando lesados, os rins deixam de exercer a sua função de regulador do meio interno do organismo levando a acumulação de toxinas, sais minerais e água. Deixam também de produzir diversas hormonas essenciais a produção do sangue e da qualidade do tecido ósseo.
O cansaço, a anorexia (perda de apetite) e os edemas são os principais sintomas da doença renal e que alertam para a procura dos cuidados de médicos.
A doença renal crónica tem um elevado impacto na esperança média e na qualidade de vida da população em geral. Nas mulheres, a saúde reprodutiva é particularmente afetada, sendo a infertilidade e as complicações com os fetos (baixo peso à nascença e prematuridade) mais frequentes que na restante população.
Atingindo o estádio terminal, é necessário iniciar uma modalidade de tratamento substitutivo da função renal, e as opções existentes são a hemodiálise, a diálise peritoneal e transplantação renal.
Atualmente, a hemodiálise é a escolha da maioria dos doentes. Porém, é a que acarreta maiores constrangimentos pois implica tratamentos em unidades de saúde com duração mínima de quatro horas, três vezes por semana.
A diálise peritoneal, embora mais flexível em termos de horários e com a mais valia de poder ser realizada no domicilio dos doentes, é ainda uma técnica pouco difundida no nosso país.
A transplantação renal (nos doentes elegíveis), é sem dúvida a melhor opção de tratamento, sendo aquela que permite maior longevidade e qualidade de vida aos pacientes.
Portugal tem das mais elevadas taxas de transplante (de dador cadáver) por milhão de habitantes. No entanto, o transplante renal de dador vivo é ainda pouco divulgado, tendo no futuro margem para crescimento. O sucesso do transplante depende da toma correta de medicação imunossupressora que infelizmente acarreta riscos de infeção, doenças cardiovasculares e doenças oncológicas, não negligenciáveis.