Dia Mundial da Doença de Parkinson assinala-se a 11 de abril

Doença de Parkinson afeta 18 mil portugueses

Atualizado: 
10/04/2017 - 14:53
A Doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crónica e progressiva. É causada por uma diminuição da produção de dopamina, uma substância produzida pelo cérebro, que ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo. Havendo uma redução da produção de dopamina, o controlo motor do indivíduo está diminuído, ocasionando sinais e sintomas característicos como tremor em repouso, lentidão de movimentos e alterações da marcha, rigidez muscular e ,anos depois, desequilíbrio.

A Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, estimando-se que em Portugal existam cerca de 18 mil doentes.

A causa da doença ainda não é conhecida, mas admite-se que resulta de uma combinação de fatores ambientais e genéticos. Embora já sejam conhecidos alguns genes que favorecem o aparecimento da DP, ela não é por regra uma doença hereditária. O maior fator de risco para o aparecimento da DP é o envelhecimento. A DP costuma desenvolver-se de forma lenta e progressiva geralmente a partir dos 55 anos de idade, embora em 10% dos casos surja antes dos 40 anos. Afeta ambos os sexos e é mais frequente nos europeus e norte-americanos do que nos asiáticos ou africanos.

O diagnóstico é clínico, pela história e exame médico do doente, não existindo nenhum exame complementar definitivo. É importante que o despiste da doença seja por isso realizado por um médico neurologista especialista em doenças do movimento.

Entre os principais sinais de alerta desta doença destacam-se sintomas como o tremor em repouso (mais frequentemente num dos braços), a lentidão de movimentos, a rigidez muscular, o andar com passos curtos, a diminuição do tamanho da letra, e a dificuldade na articulação da fala. Apesar dos sintomas mais conhecidos da doença serem motores, a DP manifesta-se também através de sinais como a depressão, ansiedade e alterações no sono.

Apesar de ser uma doença sem cura, existem várias opções de tratamento que são muito potentes a melhorar as queixas dos doentes. Estes tratamentos incluem a toma de comprimidos, injecção contínua de medicamentos através de uma bomba infusora, medicamentos administrados por um penso na pele, fisioterapia e tratamento neurocirúrgico. Relativamente a esta última opção, nem todos os doentes podem ser submetidos a este tratamento. Os especialistas consideram que esta opção é adequada para os doentes que, apesar de terem uma terapêutica farmacológica optimizada, apresentam períodos do dia em que alternam entre ter o efeito da medicação (período on) e outros sem o efeito da medicação (períodos off), e em que estes os sintomas motores interferem de forma significativa com as actividades do dia-a-dia. O tratamento neurocirúrgico consiste numa cirurgia designada por estimulação cerebral profunda, que começou a ser realizada em Portugal em 2002 e que actualmente é feita em vários hospitais do país. Esta abordagem cirúrgica consiste no implante de 2 eléctrodos cerebrais ligados a um neuroestimulador, um dispositivo médico semelhante a um pacemaker. Este dispositivo envia pequenos impulsos eléctricos para as áreas do cérebro responsáveis pelo controlo do movimento. Após o procedimento, os doentes registam melhorias na ordem dos 50 a 75 por cento, o que resulta numa melhoria na qualidade de vida significativa, maior autonomia e autoestima dos doentes.

A DP é uma doença que traz grandes alterações à vida dos doentes, mas também à dos familiares e cuidadores. É fundamental procurar ajuda especializada através de uma abordagem multidisciplinar que inclua a implementação de um programa de reabilitação especializado.

Autor: 
Dr. Miguel Coelho - Neurologista do Hospital de Santa Maria
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
LPM Comunicação