A disfunção sexual no feminino
No passado acreditava-se que apenas questões psicológicas e sociais estavam na origem da disfunção sexual feminina. No entanto, atualmente, sabe-se que não é bem assim.
De acordo com a Associação para o Planeamento da Família, “as causas que podem estar na origem ou contribuir para estas dificuldades podem ser orgânicas, psicológicas ou mistas”.
Na realidade, problemas de saúde físicos e psicológicos, uso de medicamentos, tabagismo, problemas afetivos ou de natureza relacional, falta de experiência sexual e de conhecimento do corpo, traumas sexuais, assim como fatores sócio económicos e profissionais pode refletir-se de forma negativa na resposta sexual.
Diabetes, doenças cardíacas, doenças neurológicas, alcoolismo ou uso de drogas são algumas das condições que podem causar a redução do desejo sexual da mulher.
Também a menopausa se encontra fortemente ligada à disfunção sexual feminina. Nesta fase, que sinaliza o fim do período fértil da mulher, os ovários produzem menos hormonas, diminuindo a produção de testosterona que, embora seja uma hormona masculina, também circula no corpo da mulher e está relacionada com a libido feminina.
Por outro lado, também a fase do ciclo menstrual em que se encontra pode afetar o desejo e o prazer da mulher.
Se, por um lado, durante a menstruação, graças às altas concentrações hormonais, a mulher tem um maior apetite sexual, na semana que a antecede há uma quebra da libido.
Relativamente ao uso de medicamentos, alguns fármacos podem afetar o apetite sexual. O uso de contraceptivos, por exemplo, é apontado por alguns especialistas, como responsável pelo problema.
A verdade é que, alguns tipos de pílulas são produzidas com um tipo de progesterona sintético – ciproterona – , que interfere com a produção de testosterona, contribuindo para a redução da libido.
Os anti-depressivos também podem contribuir para a redução do desejo sexual. Alguns diuréticos e anti-fúngicos podem alterar o metabolismo hormonal.
Nos fatores psicológicos que podem conduzir a estes problemas encontram-se, por exemplo, os conflitos relacionados com a auto-estima. Quando a mulher não gosta ou não se sente confortável com o seu corpo poderá ter problemas com a sua libido, já que o sexo envolve a exposição do seu corpo.
Outros fatores como ansiedade, insegurança ou conflitos com o parceiro podem interferir no desejo sexual.
Por outro lado, a expectativa de atingir o orgasmo pode ter o efeito inverso. A verdade é que, quando a mulher vive o relacionamento sexual de forma ansiosa ou preocupada pode apresentar dificuldade em entregar-se ao prazer.
Também uma educação rígida pode ser responsável por crenças e conceitos errados em relação ao sexo oposto, sexualidade, masturbação e orgasmo. Vários relatos há que dão conta que algumas mulheres se sentem culpadas e por isso não conseguem atingir o orgasmo.
As disfunções sexuais femininas:
Desejo sexual hipoativo - caracteriza-se pela diminuição ou ausência total de desejo sexual. “Alterações hormonais, doenças endócrinas, toma de determinados medicamentos ou fatores psicológicos tais como depressão ou perturbações de ansiedade, podem contribuir para a diminuição do desejo sexual”, alerta a APF.
Aversão sexual – Mulher apresenta total aversão ao contato sexual, evitando-o a todo o custo. Esta disfunção pode ser consequência de uma educação sexual repressiva, de um passado de violência ou abuso e dispareunia.
Perturbação da excitação sexual – consiste na dificuldade em manter um estado de excitação sexual, que resulta na ausência ou diminuição da lubrificação vaginal. Pode ser resultado de alterações hormonais, por exemplo.
Perturbação do orgasmo – caracteriza-se pela dificuldade ou incapacidade persistente ou recorrente em atingir o orgasmo, após uma fase normal de excitação sexual.
Dispareunia – dor persistente na zona genital ou pélvica durante as relações sexuais. Alguns problemas orgânicos como inflamações ginecológicas, fatores relacionais ou conflitos psicossexuais podem estar na causa desta disfunção.
Vaginismo – dificuldade em tolerar a penetração que acontece devido à contração involuntária dos músculos do períneo “adjacentes ao terço inferior da vagina”.
Na origem do vaginismo podem estar fatores orgânicos ou psicológicos e emocionais.