Dia Mundial da Diabetes: 30% dos portugueses em risco de diabetes
As estimativas são norte-americanas, mas valem para todos os países desenvolvidos, incluindo Portugal. O alerta é do coordenador do Programa Nacional da Diabetes, da Direcção-Geral da Saúde, José Manuel Boavida.
“Temos de sensibilizar para o risco enorme de a sociedade vir a ter 30% de diabéticos”, afirmou, ao Jornal de Notícias, José Manuel Boavida, a propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinala hoje – 14 de Novembro.
Em Portugal, os últimos números (relativos a 2011) apontam para uma prevalência de 12,7% (cerca de um milhão de portugueses têm a doença). No próximo dia 26, serão apresentados os dados de 2012. O director do Programa Nacional da Diabetes recusa antecipá-los, embora adiante que não espera surpresas.
Dieta rica em proteínas animais aumenta risco de diabetes
Alimentos ricos em proteínas animais e, portanto, acidificantes, podem aumentar consideravelmente o risco de diabetes tipo 2, a mais comum, revelou um estudo publicado por cientistas do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica (Inserm).
“Este é o primeiro estudo a estabelecer um vínculo entre a carga ácida da alimentação e um aumento significativo do risco de diabetes tipo 2”, comentou Guy Fagherazzi, um dos autores do estudo publicado na revista Diabetologia, da Associação Europeia de Estudo do Diabetes.
A acidez do nosso organismo depende directamente daquilo que comemos e alguns alimentos teriam um efeito acidificante, enquanto outros teriam um efeito basificante ou alcalinizante uma vez absorvidos pelo nosso organismo. A acidez é medida pela escala Pral (sigla em inglês para carga ácida renal potencial), que permite classificar os alimentos em função da sua carga ácida ou básica.
Segundo Fagherazzi, as carnes, sobretudo aquelas processadas industrialmente, assim como os queijos e os produtos derivados de leite fazem parte dos alimentos mais acidificantes, enquanto as frutas e os legumes, ao contrário, são alcalinizantes.
Os cientistas do Inserm estudaram a alimentação de 66 mil mulheres filiadas ao plano de saúde dos professores franceses MGEN (Mutuelle Générale de l'Education nationale) durante um período de 14 anos, durante o qual 1.372 das estudadas desenvolveram diabetes tipo 2.
Ao comparar a composição da sua alimentação e ao ajustar os resultados para eliminar outros factores de risco (especialmente obesidade, sedentarismo e tabagismo), descobriram que 25% que seguiam a dieta mais acidificante apresentavam um risco 56% maior de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com as 25% de mulheres que seguiam uma alimentação mais alcalinizante.
O risco aumentou 96% em mulheres de constituição física normal e que ingeriam alimentos com carga ácida maior, enquanto a alta foi claramente menor (28%) nas obesas ou com excesso de peso, o que leva a crer que “nas mulheres que já apresentam riscos, o efeito da alimentação seria menor”, revelou Fagherazzi.
Para explicar o fenómeno, o cientista levantou a hipótese de que uma dieta acidificante “ocasionaria um aumento do risco de resistência à insulina, ou seja, a incapacidade do corpo de segregar insulina quando precisa para regular a glicemia”.
O médico admitiu, contudo, que outros trabalhos serão necessários para confirmar os resultados deste primeiro estudo sobre o tema. Uma pesquisa anterior, publicada em 2011, já tinha evocado a existência de um vínculo entre a resistência à insulina e a carga ácida da alimentação.