Desnutrição representa pesada desvantagem económica
“Precisamos de quantificar em termos financeiros o problema da fome em África”, explicou à agência France Presse Vera Boohene, coordenadora do Programa Alimentar Mundial (PAM) para o Gana, um dos países onde o estudo foi realizado.
Boohene adiantou que a quantificação é útil para dizer aos governos que “a desnutrição lhes custa somas astronómicas”.
No Gana, o custo da fome foi estimado em 2,6 mil milhões de dólares (2,3 mil milhões de euros) por ano, o que representa 6,4% do seu Produto Interno Bruto (PIB).
Embora os casos de desnutrição tenham diminuído nos últimos anos no Gana, o PAM estima que nas províncias do norte um terço das crianças sofre de má nutrição.
O estudo, no âmbito da Agenda 2063 da União Africana (UA), um plano de ação para 50 anos “para construir uma África próspera e unida”, incluiu também o Burkina Faso, Madagáscar e Malaui. No Gana, foi realizado durante dois anos, de 2013 a 2015.
“Garantir uma geração que não sofrerá com a fome requer investimentos. O governo ganês tem de criar parcerias estratégicas com o setor privado”, recomenda a diretora da divisão para as políticas sociais na Comissão Económica para África da ONU, Takyiwaa Manuh.
Além do setor da saúde, diretamente afetado pela desnutrição, o estudo intitulado “O custo da fome em África”, divulgado na terça-feira, sublinha que as consequências estendem-se a várias gerações, ao diminuírem a produtividade no setor agrícola ou junto das crianças que não prosseguem estudos.