Descobertas nanopartículas que influenciam evolução dos tumores cancerígenos
Até agora estas estruturas minúsculas eram desconhecidas pela ciência. Os exómeros foram agora identificados pela primeira vez por uma equipa internacional de cientistas como nanopartículas com influência nas evolução dos tumores. O trabalho foi publicado na revista Nature Cell Biology esta semana, escreve o Sapo.
Já se sabia que as células de cancro comunicam à distância com outras células e que essa comunicação inclui o envio de proteínas e de vesículas, como por exemplo os exossomas. Aplicando às células cancerígenas uma técnica de fracionamento que nunca tinha sido aplicada neste contexto, explica Celso Reis, investigador principal do trabalho realizado em Portugal, "os investigadores conseguiram separar em pormenor vários subtipos destas vesículas e, nessa separação, identificaram um novo grupo de vesículas a que chamamos, exómeros e que têm aproximadamente 35 nanómetros" (três mil vezes mais fino do que um fio de cabelo).
Estes exómeros são ainda menores do que os exossomas e o seu conteúdo é significativamente diferente das outras vesículas, não só nas proteínas, mas também nos glicanos (hidratos de carbono complexos que existem nas células e que estão muito alterados nas células tumorais).
Utilizando linhas celulares de diversos tipos de cancro e também modelos animais, os investigadores descobriram também que estes exómeros têm uma distribuição pelos órgãos do animal diferente das outras vesículas, "sugerindo, por isso, uma função diferente no processo de progressão tumoral", adianta Celso Reis.
Aberta porta ao desenvolvimento de novos tratamentos
No decorrer do trabalho, acrescenta o investigador, "percebemos também que as proteínas que estão particularmente enriquecidas nos exómeros são proteínas que sabemos serem importantes na biologia tumoral, ou seja, contribuem para a evolução do tumor".
Os próximos passos desta investigação irão permitir definir especificamente as diferentes funções biológicas destas partículas no microambiente tumoral e na progressão da doença.
Esta descoberta permitirá também desenvolver no futuro novas estratégias para melhorar o diagnóstico e, eventualmente, avaliar o seu potencial no tratamento.