Descoberta de novos biomarcadores para o cancro do testículo pode evitar cirurgias agressivas
De acordo com Ricardo Leão, neste trabalho o enfoque esteve num grupo específico de doentes com cancro do testículo (não-seminomas): metastizado e já submetidos a quimioterapia. Após a realização de quimioterapia, alguns destes doentes ainda apresentavam lesões metastáticas. Dado que não existe possibilidade de diagnosticar a natureza destas lesões, estas são removidas cirurgicamente quando medem mais do que um centímetro. Esta cirurgia é muito agressiva e resulta em morbilidade significativa. Infelizmente, em cerca de 45%-50% dos casos, estes doentes não beneficiam da cirurgia (as lesões são apenas fibrose/necrose resultante da quimioterapia). Agora, estes biomarcadores (micro RNA) permitem predizer a histologia das lesões residuais pós-quimioterapia.
Este estudo provou que estes biomarcadores, quando negativos, sugerem a inexistência de tumor ativo, o que permitirá poupar estes doentes a uma cirurgias muito agressiva. Ricardo Leão acredita que, “do ponto de vista da evolução da Medicina do século XXI, não faz sentido expor doentes a tratamentos invasivos sem certezas diagnósticas. Deste modo, estes biomarcadores poderão mudar o paradigma do tratamento de doentes com doença testicular metastática e auxiliar os urologistas a adequar a sua prática clínica proporcionando ao doente a terapêutica mais indicada – baseada numa medicina cada vez mais personalizada”.
A equipa de investigação está envolvida, atualmente, num consórcio internacional que inclui equipas de investigação dos EUA, Canadá, Holanda Alemanha e cujo objectivo é reunir o maior número de doentes com cancro do testículo por forma a validar estes miRNA como biomarcadores com aplicação clínica. De acordo com Ricardo Leão, “a comunidade científica internacional que se dedica ao estudo e tratamento do cancro do testículo entende que estamos próximos de algo muito importante e este é provavelmente o próximo biomarcador a usar nas nossas clínicas ”.