A Depressão não é seletiva
A pessoa com depressão sente um enorme sofrimento, que condiciona as suas atividades de vida diária, e no limite, pode até conduzir ao suicídio.
Os números da depressão na Europa têm vindo a ganhar uma significância assustadora.
Uma em cada vinte pessoas vive com depressão e uma em cada quatro sofreu um episódio depressivo em algum momento da sua vida. Perante estes números, e em pleno século XXI, ainda temos vergonha de falar sobre este assunto. Temos vergonha de assumir que sofremos de depressão perante a nossa família, perante os nossos amigos e até perante os nossos colegas de trabalho e entidade patronal. Este é um assunto grande de mais para escondê-lo debaixo do tapete. É preciso falar. É preciso dizer não ao estigma. É preciso pedir ajuda. Porque SIM, é possível ajudar uma pessoa com depressão.
O primeiro passo para ser ajudado é ter consciência e de que precisa de ajuda e que essa ajuda existe e é eficaz. Não tenha vergonha de falar, converse com a sua família, com os seus pares e em segunda instância com um profissional especialista em saúde mental. Eu e a minha equipa, espalhada por todo o país, já ajudámos milhares de pessoas a ultrapassar estados depressivos graves, que condicionavam as suas vidas e que as mantinha cativas num sofrimento atroz.
Mas não são só os especialistas em saúde mental e as pessoas que sofrem de depressão que devem estar atentas e falar. É preciso alargar a escala de modo a atuar, não só no tratamento, mas também na prevenção. As escolas também têm um papel fundamental na prevenção e deteção precoce da depressão. Cada vez mais, as crianças são atingidas por esta perturbação e o impacto que pode causar na sua vida adulta é incalculável, daí a importância acrescida de estarmos especialmente atentos nesta faixa etária. No que diz respeito aos locais de trabalho e aos empregadores, é preciso mudar a forma como encaramos a felicidade no trabalho. A depressão é a principal causa de baixas médicas e é um dos fatores que mais influencia na produtividade. Novas práticas corporativas têm de ser estabelecidas nas empresas e organizações, e estarem atentos aos sintomas de alarme já não basta. Neste dia tão relevante dizer não ao estigma e ecoar a necessidade da saúde mental estar acessível a todas as pessoas são as palavras de ordem. #eudigonaoaoestigma