"Demonização" dos alimentos está a deixar as pessoas sem saber o que comer

Desmistificar a visão dos alimentos como um "veneno" é um dos temas do Congresso da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) realizado esta semana em São Paulo.
Substitutos do açúcar em muitas dietas, os adoçantes não devem ser encarados com medo, segundo a maior especialista sobre o tema no Brasil, a engenheira alimentar Maria Cecília Toledo. "Alguns conceitos incorretos estão a ser transmitidos sobre o adoçante e sobre o açúcar. A ideia de que o aspartame provoca efeitos deletérios ao organismo não é verdadeira e a era das redes sociais ajuda a viralizar essas demonizações", argumentou.
De acordo com Maria Cecilia Toledo, escreve o Sapo, a explosão de influenciadores digitais e bloggers ajuda a disseminar "ideias erradas" sobre alimentos como o adoçante, comummente associado ao cancro e que ela vê como uma "ferramenta no combate à obesidade".
A especialista enfatiza ainda que a generalização dos malefícios é proveniente, muitas vezes, de interpretações erradas de estudos ou falhas nas investigações.
O problema está na quantidade ingerida
É preciso prestar atenção à ciência e não à ideologia e nunca fazer generalizações. É o que explica esta especialista: "Isso faz com que a população fique confusa e não saiba o que comer: hoje é o açúcar que faz mal, amanhã o sal... Existe uma grande confusão", comentou, ressaltando que o verdadeiro problema é a quantidade consumida.
Para a nutricionista Márcia Terra existe a necessidade urgente de reinterpretar a inclusão ou não de alimentos nas dietas e estas não devem ser tratadas como sinónimos de restrição.
Sobre os ácidos gordos, o professor da Universidade de São Paulo, Jorge Mancini, destacou que a composição entre os diversos tipos é muito similar. "O advento do óleo de coco eclodiu com a perda de peso da população na Indonésia, que tinha problemas de circulação... No entanto essa população não consome só óleo de coco, mas coco em geral. Esta dieta tradicional é caracterizada por um baixo consumo de açúcar e alimentos processados, sendo mais focada em peixe e fibras, produtos recomendados para uma dieta saudável", explicou Mancini.
"Não existe uma dieta humana ideal, o homem pode adaptar-se a diferentes habitats e consumir diversos alimentos", enfatizou, por outro lado, Márcia Terra.