Cursos de Medicina devem ter cadeiras sobre promoção da atividade física
Em entrevista, Pedro Teixeira advogou que as unidades de saúde portuguesas têm de passar a ser “locais mais propícios à promoção da atividade física”, sendo necessário capacitar os profissionais de saúde para promover a mudança comportamental dos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Por falta de formação nesta área, os médicos de família dão muitas vezes aos utentes conselhos muito genéricos sobre exercício físico, que, sendo genéricos, acabam por não ser muito eficazes.
“Seria bom e desejável integrar nos currículos das faculdades de medicina disciplinas, ou pelo menos módulos, vocacionados para a fisiologia do exercício e promoção da atividade física”, declarou o perito da Direção-Geral da Saúde.
Mais imediato do que esta introdução curricular nos cursos de Medicina é a progressiva adaptação dos cuidados de saúde primários para a promoção da atividade física.
Os médicos de família vão passar a ter nos sistemas informáticos das unidades de saúde três perguntas para fazer aos utentes para saber quem cumpre as recomendações atuais para a atividade física.
No mesmo momento em que se faz a avaliação do peso corporal ou da tensão arterial é possível determinar se a pessoa é ou não fisicamente ativa.
“Não se trata de questões obrigatórias. Mas há forte indicação para serem feitas e passa a ser basilar na ação do médico de família. É a avaliação de mais um sinal vital, a atividade física como sinal vital”, explicou Pedro Teixeira.
Após a avaliação, o ideal é que o profissional de saúde consiga perceber qual a atividade física mais apropriada ao utente, realizando depois um aconselhamento breve com base num protocolo pré-definido.
Para o futuro, a ideia é ter, na comunidade abrangida pelos centros de saúde, programas de exercício físico certificados e com profissionais habilitados, que tanto podem estar em clubes desportivos como em juntas de freguesia ou ginásios.
Na próxima semana, Lisboa acolhe, nos dias 15 e 16, o Simpósio Internacional ‘Exercise is Medicine’, que é organizado pela Faculdade de Motricidade Humana e pela Direção-Geral da Saúde e onde se vai debater a forma como o sistema de saúde português se vai adaptar nos próximos anos de modo a ser mais eficaz a ajudar os cidadãos a serem fisicamente ativos.