Cuidados de saúde primários não estão a evitar internamentos por asma
Os cuidados de saúde primários não têm conseguido controlar os doentes com asma, levando a que muitos casos cheguem aos hospitais em situações que exigem já internamento, escreve o jornal Público na sua edição online. O alerta é deixado no Estudo de Análise Preliminar dos Indicadores Nacionais de Asma – 2014 do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, publicado nesta semana pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).
O relatório da DGS salienta que “melhorando a prestação de cuidados a nível ambulatório, particularmente nos cuidados de saúde primários, será possível diminuir um certo número de internamentos”. Para isso, os responsáveis pelo programa consideram que é preciso aumentar o acesso aos centros de saúde e incentivar a vacinação contra a gripe.
Por outro lado, defendem que se aposte no “diagnóstico precoce e tratamento adequado, na cessação tabágica” e em dar mais formação aos doentes crónicos para que saibam gerir os seus problemas. “A escolha das medidas certas e a sua implementação nos locais certos conduzirão a melhorias na eficiência do sistema de saúde, com consequentes ganhos em saúde e redução de custos”, reforça o documento.
Apesar dos problemas nos centros de saúde, o relatório salienta que o número de mortes associadas à asma tem sido “razoavelmente estável ao longo dos anos, oscilando entre 17 e 32”, sendo o valor mais elevado registado no ano que coincidiu com a gripe pandémica. No que diz respeito aos internamentos directamente relacionados com asma, de 2012 para 2013 houve uma ligeira descida, de 3033 para 2762 episódios – o que representa 3,4% do total de internamentos por doença respiratória. Na maior parte dos casos os doentes tinham menos de 18 anos.
Porém, os autores do relatório salientam que quando aos números da asma como diagnóstico principal se juntam os casos de internamentos em que a asma brônquica também teve um papel, ainda que secundário, o cenário sofreu um agravamento de 2012 para 2013, passando de 15.737 para 16.634 casos. A subida foi sobretudo sentida na Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Como explicações para este fenómeno, os autores dizem que é preciso explorar os dados, mas avançam que a doença pode estar “menos controlada mesmo em internamentos hospitalares decorrentes de outras causas”, mas também pode existir uma “maior sensibilização dos médicos” para os registos.
Os dados permitem também identificar que “uma percentagem elevada (13% em 2013) dos internamentos associados à asma, corresponde a um segundo episódio, sugerindo um risco aumentado de reinternamento hospitalar, perante a condição clínica de asma brônquica”.
Em linhas gerais, o Programa Nacional para as Doenças Respiratórias propunha-se a reduzir em 10% as mortes relacionadas com estas patologias entre 2012 e 2016 – numa altura em que Portugal apresenta dos piores dados da União Europeia no que diz respeito, por exemplo, a óbitos por pneumonia.