Crise tem maior impacto psicológico nos jovens
“É compreensível, tendo em conta que a incerteza quanto ao futuro é superior nos jovens, para além da falta de oportunidades com que estes se veem confrontados na actualidade”, comentou o investigador da Universidade do Algarve (Ualg), que integrou o projecto em 2011.
A investigação focou-se em Portugal, Grécia e Irlanda, e foi desencadeada pela Sociedade Mundial para o Estudo do Stresse e da Ansiedade, tendo o estudo nacional ficado a cargo do grupo de investigação “Bem-estar na sociedade”, do Centro de Investigação sobre Espaço e Organizações da Ualg.
Segundo Saul Neves de Jesus, o estudo pode servir para a criação de programas orientados para a gestão do stresse que ajudem as pessoas a desenvolver uma atitude mais serena perante as dificuldades e permita controlar as emoções negativas e criar estratégias para lidar com as dificuldades.
“As pessoas devem desenvolver estratégias orientadas para o enfrentamento dos problemas, em vez de evitamento ou de apenas lamentação, de forma a encontrarem soluções para as dificuldades encontradas e a tornarem-se mais resilientes ou resistentes”, comentou.
Em Portugal, o estudo abrangeu 729 pessoas com mais de 18 anos, estando 117 em situação de desemprego.
O estudo revelou, ainda, que o impacto psicológico da crise financeira é semelhante em homens e mulheres e também entre a população empregada e desempregada.
“O problema parece ser não tanto o estar numa situação de desemprego, mas sim as consequências desta situação para o sujeito, ao nível das dificuldades financeiras que isso possa representar”, observou Saul Neves de Jesus.
O estudo contou com a participação de alunos de doutoramento da Universidade do Algarve, estando a ser desenvolvidas teses sobre o impacto das dificuldades económicas em variáveis da psicologia positiva, como o optimismo, a espiritualidade e a satisfação com a vida e a análise particular da situação dos desempregados.
A Biblioteca Municipal de Faro acolhe hoje a apresentação de uma análise do impacto dos fatores económicos sobre o stress, a ansiedade e a depressão.
O estudo vai ter ainda uma fase de acompanhamento dos sujeitos estudados com vista à avaliação da forma como vão reagir em função das alterações que possam ocorrem na sua situação financeira.