Campo de férias de Cascais

Crianças com doença renal partilham experiências

Mais de duas dezenas de crianças com insuficiência renal estão, até sábado, num campo de férias em São Domingos de Rana, Cascais, para atividades e partilha de experiências que as façam lidar melhor com a doença.

Podia ser um campo de férias igual a tanto outros, mas o "CRESCE" é destinado especialmente a crianças e jovens, entre os 9 e os 17 anos, que em comum têm a doença renal crónica, nas suas diversas fases, desde pré-diálise, hemodiálise e transplantados.

Organizado pela APIR (Associação Portuguesa de Insuficientes Renais), este campo de férias reúne 22 crianças, vindas de todo o país, e é a primeira vez que se realiza na zona de Lisboa.

"Ser criança insuficiente renal não é uma doença comum e não é fácil, para eles, encontrarem no dia-a-dia crianças na mesma situação. Não se encontram sem ser em situação hospitalar e assim podem conviver com outros meninos num outro ambiente", explicou Matilde Campos, dirigente da APIR.

De acordo com esta responsável, o campo de férias é a oportunidade de as crianças com insuficiência renal poderem "falar da doença, comparar a vida, comparar as cicatrizes e as experiências" e isso, sublinhou, "fá-los crescer nisto, que é ter uma doença crónica, e podem evoluir no futuro com uma melhor qualidade de vida".

Apesar de o campo de férias só decorrer durante seis dias, o grupo acaba por criar laços de amizade e o contacto mantém-se ao longo do ano.

"Todos eles ficam amigos. Criaram um grupo no Facebook que interage continuamente durante o ano e fazem questões e nós, técnicos e enfermeiros, também participamos e ajudamos", acrescentou Matilde Campos.

Andar de barco à vela, caça ao tesouro, dança e concurso de culinária foram algumas das atividades realizadas e, para Adjirato, de 13 anos, a experiência foi "muito boa".

Também para Rafael, de 9 anos, a presença no campo de férias foi "espetacular".

"Foi muito giro. Fiz coisas que nunca tinha pensado fazer e conheci pessoas novas, com a mesma doença que eu", contou.

Falar da doença não é tabu e a partilha é feita quando necessária, mas segundo Rafael, "não é para ligar muito".

De acordo com a monitora do grupo, Ana Pastoria, as crianças lidam bem com a doença e falam disso com frequência.

"Eles lidam muito bem com a doença. Não é um campo de férias deprimente e em que está toda a gente triste. Todos nós sabemos como se lida e a melhor maneira de fazer as coisas, quer na alimentação saudável e atividades sem risco. E os que não sabiam lidar tão bem, depois desta semana vão saber", esclareceu.

Para a despedida, no sábado, vai realizou-se o Encontro de Pais e Cuidadores, proporcionando um momento de partilha de experiências entre filhos, pais e profissionais de saúde para melhor lidarem com a doença dos seus filhos.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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