Estudo

Controlo de peso em grávidas sem influência no desenvolvimento ósseo infantil

As medidas para controlo do peso durante a gravidez em mulheres com excesso de peso ou obesidade não influenciam negativamente o desenvolvimento ósseo das crianças, revela um estudo do Instituto de Saúde Pública do Porto.

Este dado contraria os pressupostos tidos em conta até à data, segundo os quais "qualquer ganho de peso da mãe" durante esse período poderia ter "um efeito benéfico na densidade óssea das crianças, quer ao nascimento, como mais tarde, na infância", explicou a investigadora do Grupo de Epidemiologia das Doenças Não Transmissíveis do Instituto de Saúde Pública do Porto (ISPUP), Teresa Monjardino.

O resultado referido faz parte do projeto "Maternal weight gain during pregnancy and offspring bone properties: a differential association in overweight women" ("Aumento de peso materno durante a gravidez e as propriedades ósseas descendentes: uma associação diferencial em mulheres com excesso de peso"), desenvolvido pelo grupo do ISPUP.

O objetivo desta investigação, referiu a investigadora, passa verificar o efeito do ganho de peso durante a gravidez na qualidade óssea da criança aos sete anos de idade, com especial enfoque nas mulheres que têm excesso de peso ou obesidade antes de engravidar.

De acordo com Teresa Monjardino, o aumento de peso acima do recomendado pela Direção Geral de Saúde (DGS) durante a gravidez não traz benefícios para os ossos das crianças, quer se tratem de mulheres com peso normal quer mulheres com excesso de peso.

Segundo a investigadora, as recomendações da DGS para uma alimentação saudável e prática de exercício físico durante esse período, indicadas para prevenir doenças metabólicas e cardiovasculares na mãe e na criança, servem também para otimizar a qualidade óssea destas últimas.

Para a obtenção dos dados foram avaliadas 2.200 crianças e as respetivas mães, participantes no "Geração XXI", um projeto iniciado em 2005 que visa acompanhar o crescimento e o desenvolvimento de mais de oito mil crianças nascidas em hospitais públicos da Área Metropolitana do Porto, ao longo da vida.

Por este estudo, Teresa Monjardino foi distinguida no World Congress on Osteoporosis, Osteoarthritis and Musculoskeletal Diseases 2017 (Congresso Mundial sobre Osteoporose, Osteoartrite e Doenças Musculoesqueléticas 2017), com um prémio no valor de 2.500 euros, evento que se realizou em Florença, Itália, entre 23 e 26 de março.

A especialista acredita que esta atribuição permite "aumentar a visibilidade do trabalho" que a equipa está a realizar junto da comunidade científica que se tem dedicado ao estudo da osteoporose e outras doenças musculoesqueléticas.

No estudo participam ainda as investigadoras do ISPUP Teresa Rodrigues, Ana Henriques, Ana Cristina Santos e Raquel Lucas, e Cyrus Cooper, da Universidade de Southampton, no Reino Unido.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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