Estudo

Computador aumenta risco de miopia

Um estudo mostra que entre crianças o excesso de esforço para ver de perto predispõe à miopia acomodativa. Nas que têm herança genética a progressão do grau é mais rápida.

A antecipação das férias por conta do Mundial 2014 é uma razão a mais para as crianças passarem por uma consulta oftalmológica antes do regresso às aulas. Isto porque, muitas vão ficar com os olhos fixados nos monitores das televisões lá de casa. O hábito praticamente duplica o risco de desenvolver miopia.

É o que mostra um estudo realizado pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, com 360 crianças de 9 a 12 anos. Entre os participantes que ficavam usando alguma tecnologia por até seis horas, 21% foram diagnosticados com miopia. Nessa faixa etária a prevalência apontada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) é de 12%.

Miopia acomodativa
Queiroz Neto afirma que a miopia é um erro de refracção no qual as imagens são focalizadas antes da retina, fazendo com que a visão de longe fique desfocada. Pode ser hereditária ou causada por factores ambientais. Este é o caso do excessivo esforço para ver de perto que causa miopia acomodativa entre crianças. O médico chama a atenção dos pais para o monitoramento do uso de equipamentos electrónicos durante as férias. Isto porque, a criança que a cada hora de uso do computador ou outro dispositivo descansa os olhos por 15 a 30 minutos evita o desenvolvimento da miopia acomodativa que atrapalha o rendimento escolar. Se a criança não tiver monitorização, adverte, vai ter dificuldade permanente em ver ao longe. 

Para ele, o vício em jogos electrónicos, navegar pela Internet e redes sociais em telas cada vez menores explica o aumento de míopes em todas as faixas etárias. É bem verdade, comenta, que os diagnósticos de alterações na visão estão cada vez mais precisos, mas a mudança de hábitos, a maior exigência da visão de perto contribui com este crescimento.

Miopia hereditária
O médico diz que a miopia poder ser transmitida geneticamente, mas ainda assim não significa que necessariamente seja passada de pai para filho. Isto porque, quando uma criança nasce, as suas características físicas são determinadas em 50% pelos cromossomos da mãe e em 50% pelos cromossomos paternos. Se apenas um dos pais é míope e o filho herda o gene dominante da miopia, tem 50% de probabilidades de se tornar míope. No caso dos pais serem portadores do gene, mas não apresentarem a doença, a probabilidade de o filho ser míope cai para 25%. É isso que explica porque uma criança pode ter olhos normais mesmo que os pais tenham miopia – herdou o gene recessivo. Ele afirma que por muito tempo a comunidade oftalmológica internacional tratou a miopia como um erro de refracção causado por factores genéticos, exclusivamente.

O crescimento do problema no mundo todo mostra que além dos genes os hábitos podem fazer a diferença para a visão. Além de descansar olhando para o horizonte, crianças devem ter mais actividades ao ar livre com um horizonte mais amplo.

Fonte: 
Diário Digital
Nota: 
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