Como sobreviver ao frio
De acordo com os dados oficiais, as épocas frias do ano estão associadas a níveis de mortalidade mais elevados e à ocorrência mais frequente de doenças ou ao agravamento de algumas patologias, sobretudo, junto da população mais fragilizada, como é o caso dos doentes crónicos.
Estima-se aliás que, quando ocorre uma redução brusca da temperatura, a probabilidade de ocorrerem consequências graves para a saúde da população aumenta exponencialmente. Entre elas, os especialistas destacam o enregelamento ou a hipotermia como aquelas que requerem mais cuidado. Mas atenção, estas não são as únicas a merecerem cuidados!
Manifestando-se por arrepios, sensação de formigueiro e adormecimento das mãos e outras extremidades, pele branca, diminuição progressiva da temperatura corporal e da sensibilidade, o enregelamento resulta da exposição excessiva ao frio. Dor, cãibras e estado de choque são algumas das principais consequências.
Especialistas alertam que o risco de enregelamento é maior nas pessoas com problemas circulatórios ou que não usam vestuário adequado. Esta condição pode provocar lesões permanentes e, em alguns casos, levar a amputações.
A hipotermia que ocorre após a exposição prolongada ao frio, consiste na queda acentuada da temperatura corporal. Nestes casos, o organismo tenta evitar a continuação da perda de calor. Tremores, dormência ou sonolência são alguns do principais sintomas. No entanto, estes diferem consoante a gravidade da situação. Assim, estes podem ser ligeiros, moderados ou severos.
Os sintomas mais ligeiros de hipotermia incluem tremores, pés e mãos frios, dormência nos membros, perda de destreza e pouca energia.
Tremores violentos e incontroláveis, discurso tremido e lento, respiração superficial e pulsação fraca são sintomas moderados de hipotermia. É possível ainda apresentar dificuldade em controlar os movimentos e mostrar sinais de confusão mental, perda de memória e sonolência.
Os sintomas severos de hipotermia podem levar à perda dos sentidos. Neste caso, os tremores param, a respiração torna-se superficial e a pulsação pode torna-se irregular ou parar. Os olhos apresentam pupilas dilatadas e os músculos rigidez.
Por outro lado, o frio é também responsável pelo agravamento de várias doenças como as doenças agudas do aparelho respiratório, como asma ou bronquite, doenças cardiovasculares, doenças reumáticas e doenças da tiroide.
Entre os principais grupos de risco encontram-se os idosos, crianças e doentes crónicos. De acordo com a Direção Geral de Saúde, são ainda considerados vulneráveis “pessoas com problemas de saúde mental, alcoolismo ou demências”, doentes acamados ou dependentes, com mobilidade reduzida, e “pessoas que efetuam terapêutica com medicamentos que interferem com os mecanismos de regulação da temperatura corporal”, como é o caso de alguns psicotrópicos ou anti-inflamatórios.
Principais cuidados
Durante os períodos de frio são várias as recomendações, quer no que diz respeito ao vestuário ou alimentação, quer aos cuidados a ter dentro e fora de casa, nomeadamente se viajar.
Em casa:
- Deve manter a temperatura entre os 18˚ e os 21˚C;
- Se não conseguir aquecer todas as divisões, mantenha a sala quente durante o dia e aqueça o quarto antes de ir dormir;
- Mantenha a correta ventilação das divisões, no caso de usar lareira, braseiras, salamandras ou equipamentos a gás. Lembre-se que a intoxicação por monóxido de carbono resulta frequentemente em morte;
- Evite as correntes de ar, mas promova a boa circulação do ar. Não feche todas as portas e janelas;
- Tenha cuidado com as botijas de água quente para evitar queimaduras. Confirme que estão em bom estado e a vedar bem;
- Desligue todos os equipamentos de aquecimento antes de sair de casa ou ir dormir.
- Quanto à higiene pessoal e vestuário, opte por tomar banho com água morna, uma vez que a água muito quente remove a camada protetora da pele. Do mesmo modo, mantenha a pela hidratada, sobretudo, a que reveste as extremidades - pés, mãos, cara e lábios.
- Use várias camadas de roupa, em vez de uma única muito grossa, e não use roupas demasiado justas que dificultem a circulação sanguínea;
- Proteja as extremidades do corpo e use calçado adequado às condições climatéricas. Não se esqueça das luvas, gorro, meias quentes e cachecol quando sair de casa. Quanto à alimentação, faça refeições mais frequentes encurtando as horas entre elas. Dê preferência a sopas e bebidas quentes, como leite ou chá. Opte por fruta e produtos hortícolas, ricos em vitaminas, sais minerais e antioxidantes.
- Evite ainda os alimentos fritos, ricos em gorduras ou açúcar, bem como as bebidas alcoólicas “que provocam vasodilatação com perda de calor”, contribuindo para o arrefecimento corporal.
- Se for o caso, mantenha a prática de exercício físico habitual mas proteja-se com roupa adequada. Beba água antes, durante e depois da atividade física para evitar a desidratação.
- Bebés e recém-nascidos não devem sair de casa nos dias de frio intenso, mas se for mesmo necessário utilize várias camadas de roupa em vez de uma única peça grossa para o proteger. Não esqueça as luvas e o gorro, mantendo mãos, orelhas e pés quentes. Mantenha ainda a criança hidratada.
Se viajar:
- Mantenha-se informado sobre as condições meteorológicas e leve roupa adequada;
- Se viajar de carro, ligue o aquecimento do veículo 10 minutos em cada hora e baixe os vidros uns milímetros para arejar;
- Evite viajar sozinho de automóvel ou em situações de visibilidade reduzida.