O que dizem os especialistas

Como sobreviver ao frio

Atualizado: 
15/12/2020 - 15:00
Tempo frio é sinónimo de gripes e constipações. No entanto, os efeitos do frio não se ficam por aqui. Durante esta época do ano, quando as temperaturas caiem bruscamente, é possível assistir a um maior número de mortes e ao agravamento de algumas doenças crónicas. É por isso que os especialistas, todos os anos, reforçam as suas recomendações, sobretudo, junto dos grupos mais vulneráveis.

De acordo com os dados oficiais, as épocas frias do ano estão associadas a níveis de mortalidade mais elevados e à ocorrência mais frequente de doenças ou ao agravamento de algumas patologias, sobretudo, junto da população mais fragilizada, como é o caso dos doentes crónicos.

Estima-se aliás que, quando ocorre uma redução brusca da temperatura, a probabilidade de ocorrerem consequências graves para a saúde da população aumenta exponencialmente. Entre elas, os especialistas destacam o enregelamento ou a hipotermia como aquelas que requerem mais cuidado. Mas atenção, estas não são as únicas a merecerem cuidados!

Manifestando-se por arrepios, sensação de formigueiro e adormecimento das mãos e outras extremidades, pele branca, diminuição progressiva da temperatura corporal e da sensibilidade, o enregelamento resulta da exposição excessiva ao frio. Dor, cãibras e estado de choque são algumas das principais consequências.

Especialistas alertam que o risco de enregelamento é maior nas pessoas com problemas circulatórios ou que não usam vestuário adequado. Esta condição pode provocar lesões permanentes e, em alguns casos, levar a amputações.

A hipotermia que ocorre após a exposição prolongada ao frio, consiste na queda acentuada da temperatura corporal. Nestes casos, o organismo tenta evitar a continuação da perda de calor. Tremores, dormência ou sonolência são alguns do principais sintomas. No entanto, estes diferem consoante a gravidade da situação. Assim, estes podem ser ligeiros, moderados ou severos.

Os sintomas mais ligeiros de hipotermia incluem tremores, pés e mãos frios, dormência nos membros, perda de destreza e pouca energia.

Tremores violentos e incontroláveis, discurso tremido e lento, respiração superficial e pulsação fraca são sintomas moderados de hipotermia. É possível ainda apresentar dificuldade em controlar os movimentos e mostrar sinais de confusão mental, perda de memória e sonolência.

Os sintomas severos de hipotermia podem levar à perda dos sentidos. Neste caso, os tremores param, a respiração torna-se superficial e a pulsação pode torna-se irregular ou parar. Os olhos apresentam pupilas dilatadas e os músculos rigidez.

Por outro lado, o frio é também responsável pelo agravamento de várias doenças como as doenças agudas do aparelho respiratório, como asma ou bronquite, doenças cardiovasculares, doenças reumáticas e doenças da tiroide.  

Entre os principais grupos de risco encontram-se os idosos, crianças e doentes crónicos. De acordo com a Direção Geral de Saúde, são ainda considerados vulneráveis “pessoas com problemas de saúde mental, alcoolismo ou demências”, doentes acamados ou dependentes, com mobilidade reduzida, e “pessoas que efetuam terapêutica com medicamentos que interferem com os mecanismos de regulação da temperatura corporal”, como é o caso de alguns psicotrópicos ou anti-inflamatórios.

Principais cuidados

Durante os períodos de frio são várias as recomendações, quer no que diz respeito ao vestuário ou alimentação, quer aos cuidados a ter dentro e fora de casa, nomeadamente se viajar.

Em casa:

  • Deve manter a temperatura entre os 18˚ e os 21˚C;
  • Se não conseguir aquecer todas as divisões, mantenha a sala quente durante o dia e aqueça o quarto antes de ir dormir;
  • Mantenha a correta ventilação das divisões, no caso de usar lareira, braseiras, salamandras ou equipamentos a gás. Lembre-se que a intoxicação por monóxido de carbono resulta frequentemente em morte;
  • Evite as correntes de ar, mas promova a boa circulação do ar. Não feche todas as portas e janelas;
  • Tenha cuidado com as botijas de água quente para evitar queimaduras. Confirme que estão em bom estado e a vedar bem;
  • Desligue todos os equipamentos de aquecimento antes de sair de casa ou ir dormir.
  • Quanto à higiene pessoal e vestuário, opte por tomar banho com água morna, uma vez que a água muito quente remove a camada protetora da pele. Do mesmo modo, mantenha a pela hidratada, sobretudo, a que reveste as extremidades - pés, mãos, cara e lábios.
  • Use várias camadas de roupa, em vez de uma única muito grossa, e não use roupas demasiado justas que dificultem a circulação sanguínea;
  • Proteja as extremidades do corpo e use calçado adequado às condições climatéricas. Não se esqueça das luvas, gorro, meias quentes e cachecol quando sair de casa. Quanto à alimentação, faça refeições mais frequentes encurtando as horas entre elas. Dê preferência a sopas e bebidas quentes, como leite ou chá. Opte por fruta e produtos hortícolas, ricos em vitaminas, sais minerais e antioxidantes.
  • Evite ainda os alimentos fritos, ricos em gorduras ou açúcar, bem como as bebidas alcoólicas “que provocam vasodilatação com perda de calor”, contribuindo para o arrefecimento corporal.
  • Se for o caso, mantenha a prática de exercício físico habitual mas proteja-se com roupa adequada. Beba água antes, durante e depois da atividade física para evitar a desidratação.
  • Bebés e recém-nascidos não devem sair de casa nos dias de frio intenso, mas se for mesmo necessário utilize várias camadas de roupa em vez de uma única peça grossa para o proteger. Não esqueça as luvas e o gorro, mantendo mãos, orelhas e pés quentes. Mantenha ainda a criança hidratada.

Se viajar:

  • Mantenha-se informado sobre as condições meteorológicas e leve roupa adequada;
  • Se viajar de carro, ligue o aquecimento do veículo 10 minutos em cada hora e baixe os vidros uns milímetros para arejar;
  • Evite viajar sozinho de automóvel ou em situações de visibilidade reduzida.
Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
DGS
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay