Comissões de utentes alegam "irregularidades" no Hospital Litoral Alentejano
Em comunicado, a estrutura coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano criticou a “opção” do Hospital do Litoral Alentejano (HLA) em “ter água fria no período entre as 22:00 e as 07:00”, o que “viola protocolos cirúrgicos” e “procedimentos de controlo de infecções”.
“Nesse período, se um utente precisar de mudar as fraldas ou de ser lavado não existe água quente e os profissionais de saúde que precisem de tomar banho só têm água fria”, acrescentou Dinis Silva, das comissões de utentes.
Contactado, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), na qual o HLA está integrado, negou a veracidade da acusação das comissões de utentes.
“É totalmente falsa a alegação de que a ULSLA optou por ter água fria entre as 22:00 e as 07:00”, pode ler-se no comunicado enviado.
O que sucedeu, segundo a ULSLA, foi “uma avaria num permutador, em Setembro de 2014”, o que “determinava dificuldade na disponibilização de águas quentes sanitárias nos pisos superiores do HLA”, ou seja, “a água era disponibilizada quente, mas tinha que correr durante algum tempo para se alcançar a temperatura de conforto”.
“O permutador foi de imediato encaminhado para reparação, tendo os circuitos de água quente ficado em funcionamento regular, assegurando as águas quentes sanitárias e o aquecimento ambiental das instalações”, esclareceu a ULSLA.
Na nota de imprensa, as comissões de utentes acusaram ainda o HLA de atingir “um ‘lucro’ de sete milhões de euros através da inequívoca exploração dos trabalhadores e da degradação das condições de prestação de cuidados de saúde”.
As comissões argumentaram que os enfermeiros do HLA “são dos mais mal pagos de todos os hospitais do país” e criticaram o hospital pelo “envio de utentes para Lisboa”, para a realização de exames, em jejum, fornecendo-lhes “apenas um pacote de bolachas”.
A administração da ULSLA afirmou que “o apelidado ‘lucro’” corresponde “ao resultado operacional alcançado com políticas de rigor nas aquisições, consumos e pagamentos” e que não foram adoptadas medidas de redução de custos com pessoal que não as estritamente decorrentes da lei.
Quanto ao lanche proporcionado aos utentes, a ULSLA afirmou englobar um pacote de leite, um pacote de bolachas (dose individual) e uma garrafa de água, tendo sido eliminada a sandes que estava incluída no passado, devido “à sua rejeição e devolução por um número significativo de utentes”.
As comissões de utentes alegaram ainda que a portaria governamental que veio classificar os hospitais em diversos grupos implicará a retirada de valências do HLA, mas a ULSLA afiançou que nenhuma especialidade existente até à data será “excluída” em resultado do diploma.