Estudo

Cientistas identificam via que pode melhorar tratamento na fibrose quística

Investigadores portugueses identificaram uma nova via que estabiliza a proteína alterada nos doentes com fibrose quística, efeito que poderá ser usado para melhorar a eficácia do tratamento para este problema, um trabalho agora publicado.

"O que nós identificámos foi uma nova via que regula a estabilidade da proteína na membrana da célula. É uma via de sinalização que já era conhecida, o que fizemos foi mostrar que está envolvida na regulação desta proteína da fibrose quística", naquele local, disse o cientista que coordenou a investigação.

O avanço conseguido neste trabalho, recentemente publicado no 'Journal of Cell Science', "é particularmente importante porque, no campo da fibrose quística, já há, muito recentemente, medicamentos aprovados que corrigem aquilo a que chamamos um defeito [base]", mas que "vão tratar, não os sintomas propriamente ditos, mas aquilo que está na origem dos sintomas, e impedem a doença no seu início", explicou Carlos Farinha.

O cientista do BioISI – Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa), referiu que, "no caso dos doentes que têm a mutação mais comum, porque a fibrose quística é uma doença genética, esses medicamentos corrigem o dito defeito básico, mas corrigem-no pouco", ou seja, a correção não é total e continua a haver alguma consequência do problema.

A ação destes medicamentos, já aprovados, "acaba por não ser uma cura definitiva, [sendo] mais um retardar dos efeitos da doença, que, para os doentes obviamente já é bom, mas não é suficiente", defendeu Carlos Farinha.

Em outras áreas da saúde, como nos problemas cardíacos ou de inflamação vascular, esta via de sinalização já está a ser estudada e "na mira das empresas farmacêuticas", apontou.

"Ativando esta outra proteína dentro da célula, a proteína da fibrose quística fica mais estável" e agora os investigadores pretendem analisar se, na ligação entre as duas, "há outras que são ainda mais fáceis de ativar e que levam ao mesmo efeito", resumiu o especialista.

O composto químico utilizado pela equipa do BioISI em laboratório, avançou, "pode eventualmente evoluir para medicamento".

Segundo dados da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em Portugal, a fibrose quística, que se manifesta sobretudo ao nível dos pulmões, mas também do intestino, afeta cerca de 300 doentes e as estimativas apontam para o nascimento de 30 a 40 crianças com este problema, por ano.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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