Cerca de 1 em cada 3 pessoas, confunde os sintomas da insuficiência cardíaca com os sintomas normais do envelhecimento
Cerca de 80% das pessoas com Insuficiência Cardíaca são idosas. No Dia Internacional da Terceira Idade, que se assinala no dia 28 de outubro, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia relembra os quase 500 000 Portugueses que sofrem insuficiência cardíaca: um número assustador de doentes crónicos, cuja tendência não é decrescente. A insuficiência cardíaca tem uma taxa de mortalidade superior a diversos tipos de cancro, tais como o cancro da mama, do cólon, da próstata e a leucemia.
A melhoria das condições de vida, a maior qualidade dos cuidados de saúde e o avanço tecnológico, que têm garantido uma melhor prevenção e tratamento de diversas doenças, têm levado a um aumento da esperança média de vida da população Portuguesa. Portugal é hoje um país com uma população envelhecida e, como tal, com elevado risco de desenvolver insuficiência cardíaca.
“É urgente aumentar o reconhecimento dos sintomas da insuficiência cardíaca, para que possamos ajudar todos aqueles que vivem com esta condição!” É desígnio da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) evitar que o número de doentes com insuficiência cardíaca continue a aumentar. Por este motivo, a SPC alerta Profissionais de Saúde, Tutela, Media e Sociedade Civil, para a necessidade de discutir a doença que constitui um grave problema de saúde pública em Portugal, constituindo a principal causa de internamento em doentes idosos, com importantes repercussões socioeconómicas.
Cerca de 1 em cada 3 pessoas, confunde os sintomas de insuficiência cardíaca (IC) com os sintomas normais de envelhecimento. O diagnóstico da insuficiência cardíaca resulta da constatação de um conjunto de sintomas e sinais que podem ser inespecíficos e de valorização difícil.
A insuficiência cardíaca é causada por alterações na estrutura e função do músculo cardíaco, que comprometem o aporte de nutrientes e oxigénio ao organismo. A sua progressão pode ser silenciosa, numa fase inicial, e tende a avançar por surtos de agudização, isto é, de descompensação da doença, levando a internamentos consecutivos.
No futuro, é expectável que 1 em 5 pessoas venha a desenvolver esta doença ao longo da vida. Cerca de metade dos doentes morre, em média, 5 anos após o diagnóstico. Além disso, o número de internamentos está diretamente relacionado com o aumento da mortalidade, pelo que a redução e prevenção das hospitalizações deve ser uma prioridade. A insuficiência cardíaca é muito debilitante, não só do ponto de vista físico, mas também emocional, o que leva frequentemente a estados depressivos e a outras patologias do foro psicológico, afetando doentes e cuidadores.
Recentemente, um consenso médico publicado na Revista Portuguesa de Cardiologia, órgão científico da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, alertou para a incapacidade de reconhecimento e diagnóstico da insuficiência cardíaca e para as consequências a nível de mortalidade e da deterioração da qualidade de vida dos doentes, bem como para as implicações e encargos económicos que esta doença acarreta.
Entre as medidas propostas no documento de consenso e como forma de contrariar a tendência de agravamento da situação atual, sugerem-se:
- Tornar a insuficiência cardíaca uma prioridade na saúde;
- Formar os profissionais de saúde;
- Criar um programa multidisciplinar de manejo integrado da insuficiência cardíaca a fim de assegurar o correto acompanhamento dos doentes;
- Melhorar o diagnóstico precoce através do doseamento de marcadores bioquímicos para exclusão da doença;
- Implementar uma metodologia de recolha de dados, com intuito de atualizar a informação epidemiológica de progressão da síndrome e de avaliar os impactos para a qualidade de vida dos doentes e para a economia do país.