Centro Hospitalar Tondela Viseu deve encerrar camas de imediato por carência de enfermeiros
No passado mês de Junho uma representação da Ordem dos Enfermeiros (OE), liderada pelo próprio Bastonário, Enf.º Germano Couto, realizou visitas institucionais a vários serviços, e a situação encontrada foi de não preenchimento da maioria dos requisitos considerados necessários ao seu funcionamento.
Em relatórios agora enviados para as entidades inspectivas, reguladores, da Tutela e a administração do hospital, a OE defende também o investimento em programas de melhoria da qualidade do funcionamento.
A Ordem dos Enfermeiros considera que nos serviços visitados está em risco a qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem que são prestados aos cidadãos.
Para o Bastonário da OE, ou são contratados enfermeiros, ou o hospital terá de abater camas de internamento, para as adequar ao número de profissionais de que dispõe, e que estão estabelecidas como dotação segura.
“A Ordem dos Enfermeiros defende veementemente o fecho de camas neste hospital, porque não é possível prestar cuidados com falta de enfermeiros, sem lesar as populações”, afirma o Enf.º Germano Couto, que deu um prazo até ao final de Agosto para a administração e o Ministério da Saúde resolverem a carência.
Admite que no Centro Hospitalar Tondela Viseu, “no mínimo”, são 70 o número destes profissionais em falta.
A título exemplificativo, num dos serviços visitados, registava-se uma falta efectiva de 24 enfermeiros, numa dotação que deveria atingir os 61.
No total dos três serviços visitados naquele Centro Hospitalar a carência efectiva ascende aos 43 profissionais.
Para o Bastonário, a carência de enfermeiros verifica-se na generalidade das instituições de saúde do país e reforçar o seu número melhora o desempenho do Serviço Nacional de Saúde, acaba por poupar nos gastos, porque os cidadãos que recebem cuidados de enfermagem sólidos vão adoecer menos, e serão menos um peso para o sistema.
A Tutela deverá preocupar-se com o custo efeito dos cuidados de saúde. Contrariamente ao que tem sido feito, a preocupação deve ser a longo prazo e não no imediato. Cortar nas despesas hoje, de forma arbitrária, pode significar gastar mais amanhã.
A alocação dos recursos humanos necessários aos serviços de saúde, nomeadamente enfermeiros, não é um gasto, representa sim um investimento em mais e melhor saúde para os portugueses e numa poupança efectiva a longo prazo.