Centro de formação de Neonatologia do "São João" também formou especialistas brasileiros

Em declarações hoje, a propósito do Dia Mundial da prematuridade, que se assinala na sexta-feira, a diretora do Serviço de Neonatologia do São João, Hercília Guimarães, salientou que se trata do “primeiro centro português integrado na rede internacional NIDCAP (Neonatal Individualized Care and Assessment Program), mas é também o primeiro dos países de língua portuguesa”.
“Por essa razão, a federação internacional NIDCAP está a aproveitar o nosso trabalho para fazer formação no Brasil e noutros países de língua portuguesa para que adotem esta metodologia de trabalho, que já é, de certo modo, um dever ético, tendo em conta a melhoria do desenvolvimento neurocomportamental, neuromotor, cognitivo e no sucesso escolar”, sustentou.
No Hospital de São João, o centro já certificou seis profissionais e mantém em processo de certificação mais onze, disse hoje a diretora.
“A formação funciona no próprio centro, aqui no São João, mas podemos ir fazer formação a outros serviços. O centro já treinou especialistas em cuidados neonatais de Évora" e está disponível para receber ou deslocar-se a outros hospitais, afirmou Hercília Guimarães.
O Hospital de São João dispõe já de “uma série de profissionais com certificação nestes chamados cuidados centrados no desenvolvimento, que não é mais do que cuidar em função da resposta do bebé”.
Ou seja, “tratar o bebé de acordo com o que ele necessita, de acordo com o que ele nos pede e de acordo com aquilo que ele precisa. No fundo, é aprender a linguagem gestual e comportamental do bebé, adequar os nossos cuidados às suas necessidades”, disse a especialista.
“É nosso dever ético fazer com que esta metodologia de cuidar, esta nova filosofia de cuidados, seja um direito de cada bebé internado em cuidados intensivos ou neonatais em Portugal e no mundo”, frisou.
O centro de formação destina-se a todos os profissionais de saúde que trabalham nas unidades de Neonatologia (médicos, enfermeiros, psicólogos, técnicos de fisioterapia e terapia ocupacional, entre outros) com o intuito de implementar os cuidados individualizados centrados no desenvolvimento do recém-nascido prematuro em Portugal, bem como dar suporte às famílias destas crianças.
Segundo Hercília Guimarães, “a nível mundial tem havido um aumento discreto, mas sempre constante da prematuridade. Há países, na África/Ásia, que registam 15% de prematuros, mas na Europa e em Portugal está abaixo dos 10%”.
São considerados prematuros todos os bebés que nascem com menos de 37 semanas completas, sendo considerados “grandes prematuros” os que nascem com 27 semanas.