Cancro pode ser combatido com transplante de células de pessoa saudável
Os investigadores observaram que ao inserir em laboratório componentes de células do sistema imunológico de um doador saudável nas células de um paciente com cancro é possível fazer com que o seu organismo reconheça os tumores e passe a atacá-los. A pesquisa foi feita com três pacientes com melanoma, um tipo de cancro de pele.
É função dos linfócitos T diferenciar células do organismo de corpos estranhos, escreve o Diário Digital. Quando esses corpos são reconhecidos, são desencadeados estímulos imunológicos que destroem ou eliminam o invasor. O problema é que nem sempre as células imunológicas reconhecem o cancro como um invasor. Isso permite a sua proliferação pelo corpo.
“A célula tumoral é traiçoeira. Ela tem algumas técnicas para desligar e escapar do sistema imunológico”, afirma Denyei Nakazato, oncologista do Hospital Sírio-Libanês e do Icesp (Instituto do Cancro do Estado de São Paulo).
Para avaliar essa capacidade de reconhecimento pelos linfócitos T, os cientistas mapearam todos os antígenos que poderiam estimular uma resposta às células de cancro de pele de três pacientes. Antígeno é toda a substância que, ao entrar no organismo, é capaz de iniciar uma resposta imune, ativando os linfócitos.
Os linfócitos T dos pacientes com a doença deixavam passar despercebido fragmentos estranhos de células tumorais. Já linfócitos derivados de voluntários saudáveis conseguiram detetar um número significativo de antígenos.
Para Alex Meller, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o estudo é promissor, apesar de envolver apenas três pacientes. Ele afirma que uma técnica parecida já havia sido testada com tumor de rim no Hospital Sírio-Libanês, mas teve uma resposta pouco eficaz. A novidade com o novo estudo seria a sugestão de transferir as células entre pacientes imunologicamente parecidos através do sangue.