Um dos mais letais

Cancro do pâncreas

Atualizado: 
09/09/2014 - 12:31
O cancro do pâncreas é o tumor maligno do pâncreas e pode surgir também com a denominação de carcinoma do pâncreas. É um dos mais letais tipos de cancro, constituindo a quinta causa mais comum de mortes por cancro no mundo e a quarta maior causa de morte na União Europeia.

O cancro do pâncreas ocorre quando se formam células malignas no pâncreas. A doença progride rapidamente mas, normalmente, é assintomática nos estadios iniciais.

No pâncreas podem desenvolver-se tumores malignos distintos. Em cerca de 70 por cento dos casos, o tumor surge na cabeça do pâncreas, enquanto cerca de 20 por cento aparecem no corpo do órgão e apenas 10 por cento desenvolvem-se na cauda.

Os cancros que se desenvolvem no corpo e na cauda do órgão podem passar despercebidos até às fases de evolução mais avançadas e, normalmente, quando são descobertos, é tarde para aplicar um tratamento curativo. Por outro lado, os que se situam na cabeça do órgão têm, por vezes, manifestações características que servem de indício para o problema e podem facilitar o diagnóstico.

O risco de cancro do pâncreas aumenta com o envelhecimento. Afecta maioritariamente pessoas acima dos 55 anos, sendo a idade média do diagnóstico de 72 anos.

Os homens têm uma probabilidade ligeiramente maior de desenvolver cancro do pâncreas do que as mulheres, o que em parte pode resultar do consumo de tabaco ser maior pelos homens.

Incidência e mortalidade

  • Surgem cerca de 280.000 novos casos de cancro do pâncreas no mundo por ano.
  • Só na Europa, estima-se sensivelmente 70.000 novos casos todos os anos.
  • Em Portugal, estima-se que surjam 1225 novos casos por ano, dos quais 693 em estadio IV no momento do diagnóstico.
  • 99% das pessoas com cancro do pâncreas morrem da doença.

A taxa de sobrevida média aos cinco anos do cancro do pâncreas é cerca de 5%. Esta taxa desce para 1,6% em doentes com cancro do pâncreas metastático.

Doentes com cancro do pâncreas inoperável ou com metástases têm uma sobrevivência média de apenas 3 a 6 meses. O cancro do pâncreas é a segunda neoplasia maligna mais frequente do tubo digestivo, após o cancro do cólon, e a quarta mais frequente causa de morte por cancro na Europa.

O cancro do pâncreas compreende, aproximadamente, 3% de todos os cancros e é responsável por 5% da mortalidade específica por cancro.

Diagnóstico
Devido ao cancro do pâncreas ser, normalmente, assintomático durante muito tempo, o diagnóstico é feito, muitas vezes, tardiamente. Em 60% dos casos o diagnóstico é feito numa fase tardia e avançada da doença.

Para além das manifestações clínicas, há análises de sangue que podem fazer suspeitar da doença e a confirmação passa por métodos de imagem que identificam a lesão. Habitualmente a ecografia abdominal, a TAC abdominal, ressonância magnética e a ecoendoscopia são os métodos mais utilizados, embora cada um deles tenha a sua respectiva indicação. A confirmação histológica (estudo microscópico das biopsias) pode também estar indicada em alguns casos.

Sintomas

  • O cancro do pâncreas não apresenta sintomas específicos, o que dificulta o diagnóstico precoce.

Os cancros que se desenvolvem no corpo e na cauda do pâncreas costumam ser assintomáticos até às fases de evolução mais avançadas e, normalmente, quando são descobertos, é tarde para aplicar um tratamento curativo. Por outro lado, os que se situam na cabeça do órgão têm, por vezes, manifestações características.

O tumor que atinge a cabeça do pâncreas pode provocar obstrução biliar e icterícia (pele e os olhos amarelados), facilitando o diagnóstico. Quando a doença está mais avançada, surge com frequência uma dor localizada nas costas, uma dor contínua e forte, que se mantém durante a noite e que se intensifica com o tempo.

Outro sintoma do tumor é o aumento do nível da glicose no sangue, causado pela deficiência na produção de insulina (hormona produzida no pâncreas).

Com o desenvolvimento do tumor, o paciente apresenta também perda de apetite, náuseas e vómitos, bem como problemas digestivos provocados pela falha da função pancreática. O que, consequentemente origina um emagrecimento progressivo com uma significativa perda de peso.

Verifica-se que, alguns dos sintomas mais frequentes do cancro do pâncreas, são vagos e pouco específicos, como a perda de apetite e de peso, a falta de força e, por vezes, a diarreia, sendo facilmente confundido com outras patologias, o que aumenta a dificuldade do diagnóstico por doentes ou mesmo profissionais de saúde não associarem de imediato o conjunto dos sintomas a este tipo de cancro.

Factores de risco

Desconhecem-se as causas exactas do cancro do pâncreas. No entanto, investigações têm revelado que as pessoas com determinados factores de risco estão mais predispostas a desenvolver cancro do pâncreas. São eles:

  • Tabaco - É considerado o principal factor de risco. O risco aumenta directamente com o número de cigarros fumados e diminui significativamente 10-15 anos após a cessação do hábito de fumar.
  • Alimentação - Uma ingestão elevada de gorduras e/ou carne aumenta o risco. Pelo contrário, a ingestão de frutos e vegetais frescos parece oferecer uma relativa protecção.
  • Ocupações profissionais de risco incluem trabalhadores nas indústrias do petróleo, metais, gás industrial e químicos.
  • Outros factores de risco: gastrectomia parcial, diabetes mellitus, pancreatites hereditárias, dermatomiosite (doença auto-imune da pele e músculos) e alcoolismo.

Tratamento
O único tratamento curativo para o cancro do pâncreas é a cirurgia, que consiste na extracção do tumor e dos tecidos adjacentes presumidamente infiltrados. Por norma, procede-se à remoção completa do pâncreas (pancreatectomia), medida que se pode complementar com a radioterapia e a quimioterapia. Depois da operação, o paciente terá de tomar durante toda a vida preparados com enzimas digestivas e medicamentos hormonais que substituem as secreções do pâncreas.

No entanto, a cirurgia é apenas é possível numa percentagem reduzida dos casos, quando o tumor ainda se encontra nas primeiras fases, ou seja, em doentes que possuem um cancro localizado, sem metástases. Contudo, em cerca de 60% das pessoas com cancro do pâncreas o diagnóstico é feito numa fase tardia e que não podem ser sujeitos a cirurgia.

Recentemente foi aprovado pela Autoridade Europeia do Medicamento (EMA) um tratamento para o cancro do pâncreas metastático, a primeira terapêutica inovadora a ser aprovada em 7 anos para o cancro do pâncreas e que comprovou, em estudos clínicos, aumentar a sobrevida da doença.

Este aumento de sobrevida representa um passo importante no tratamento deste cancro cujo tempo médio de sobrevivência à doença em estado avançado é, em média, de apenas 3 a 6 meses.

O mecanismo de acção desta terapêutica é dirigido ao tumor no pâncreas, permitindo uma optimização da actuação do fármaco e melhorando o acesso do medicamento às células do tumor.

Dados e factos

  • O cancro do pâncreas é um dos mais letais tipos de cancro, constituindo a quinta causa mais comum de mortes por cancro no mundo.
  • É o segundo cancro mais frequente do tubo digestivo, após o cancro do cólon.
  • Surgem cerca de 280.000 novos casos de cancro do pâncreas no mundo por ano.
  • Só na Europa, estima-se que surgem cerca de 70.000 novos casos todos os anos. De acordo com o Observatório Europeu do Cancro, em 2012, 78.654 pessoas foram diagnosticadas com cancro do pâncreas na União Europeia e 77.940 morreram no mesmo ano. Dados do GLOBOCAN 2012 mostram que, em 2012, apenas cerca de 2% dos doentes diagnosticados com cancro do pâncreas no mundo sobreviveram após um ano. Numa incidência de 337.872 casos de cancro do pâncreas foi verificada uma mortalidade de 330.372.
  • Em Portugal, estima-se que surjam 1.225 novos casos por ano, dos quais 693 em estadio IV no momento do diagnóstico.
  • 99% das pessoas com cancro do pâncreas morrem da doença.
  • Em 60% dos casos o diagnóstico é feito numa fase tardia e avançada da doença.
  • Doentes com doença inoperável ou com metástases têm uma sobrevivência média de apenas 3 a 6 meses.
  • O cancro do pâncreas é a quarta principal causa de morte por cancro nos Estados Unidos, depois do cancro do pulmão, do cólon e da mama. De acordo com a Sociedade Americana de Cancro, por ano são diagnosticadas cerca de 44.030 pessoas com cancro do pâncreas e cerca de 37.660 pessoas morrem devido à doença.
Fonte: 
Hill+Knowlton Strategies Portugal
Nota: 
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