Cancro do Colo-Retal: da origem ao diagnóstico
O Cancro colo-rectal (termo que inclui cancro do colon e/ou do reto) é o terceiro tipo de cancro mais frequente em Portugal, logo a seguir ao cancro da mama e da próstata. Estima-se que em 2018 sejam diagnosticados 10 270 novos casos. No entanto é o segundo que mais mata (4214 mortes em 2018), logo a seguir ao cancro do pulmão.
Origem, fatores de risco, rastreio, sintomas e diagnóstico
Estes dois cancros (colon e reto) têm origem no mesmo tipo de células e por isso são denominados, muitas vezes, como cancro colo-retal. Estas células constituem o revestimento interior do colon e do reto, que, devido a várias agressões, e a acumulação de “erros” na sua divisão ao longo do tempo, ficam alteradas, dividindo-se de forma rápida e anómala. Estas, começam por originar “tumores” benignos chamados pólipos. Alguns pólipos, com o passar do tempo, podem sofrer alteração do ADN (código genético da célula) e tornarem-se lesões malignas. Inicialmente as lesões são superficiais mas podem crescer e infiltrar a parede do colon e do reto, ganhando acesso a vasos sanguíneos e linfáticos, podendo originar metastização local (gânglios linfáticos locais) ou à distância, para outros órgãos, como o fígado ou o pulmão (mais comuns).
Fatores de risco
Mais de 90% dos casos de cancro colo-retal são diagnosticados em idade superiore a 50 anos. Além da idade há outros fatores risco intrínsecos como a doença intestinal inflamatória (Doença de Crohn e colite ulcerosa), história familiar e síndromes genéticos (Polipose adenomatosa familiar e síndroma de Lynch). No entanto grande parte dos fatores de risco relacionam-se com o estilo de vida e, podem ser minimizados com a sua alteração. Entre eles salienta-se o sedentarismo, dieta pobre em frutas e vegetais, obesidade e excesso de peso, dietas pobres em fibras e ricas em gorduras, uso de tabaco e consumo de álcool. Estima-se, por exemplo, que no Reino Unido, cerca de 42% dos cancros de colon e reto seriam evitados se o estilo de vida fosse alterado.
Rastreio
Sendo uma doença com grande incidência e mortalidade, os programas de rastreio vieram trazer um grande impacto na redução da incidência, da morbilidade associada e da mortalidade. Em Portugal, está implementado o rastreio, na generalidade da população, a partir dos 50 anos, com um teste simples, a pesquisa de sangue oculto nas fezes, na população assintomática, até aos 74 anos. Nos doentes com exame positivo, está então preconizada a colonoscopia. A Direção Geral de Saúde estima que este método (a pesquisa de sangue oculto nas fezes) tenha diminuído a mortalidade por cancro colo-retal em cerca de 16%. Podem também ser propostas outras modalidades de rastreio, logo através da retossigmoidoscopia/colonoscopia.
Se tem mais de 50 anos e nunca fez teste de rastreio, ou tem história familiar de cancro colo-retal, deve dirigir-se ao seu médico assistente e colocar as suas dúvidas.
Sintomas e diagnóstico:
O principal exame de diagnóstico de cancro colo-retal é a colonoscopia. Podem, no entanto, ser necessários outros exames para avaliar a extensão da doença.
Os principais sintomas relacionam-se com a presença de sangue nas fezes, alterações nos hábitos intestinais, dores abdominais e perda de peso inexplicada. Na presença destes sintomas deve dirigir-se ao seu médico assistente.
Tratamento
Apesar de este ser um dos cancros mais diagnosticados e responsável por uma grande mortalidade em Portugal, as opções terapêuticas têm evoluído nas últimas décadas. Estas vão desde terapêutica endoscópica (em estádios iniciais), cirurgia, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia (em casos selecionados), sendo muitas vezes multimodal, com necessidade de uma abordagem multidisciplinar, necessária para a boa prática do tratamento dos doentes Oncológicos. Esta evolução multimodal, e dos tratamentos de quimioterapia e imunoterapia, veio também mudar o paradigma da doença metastizada, tentando tornar o cancro colo-retal numa doença “crónica”, com alguns ensaios clínicos a revelarem sobrevivências superiores a 30 meses.
No entanto importa relembrar, que o tratamento deve ser individualizado, tendo em conta as características de cada doente em particular.