Mulheres são as mais atingidas

Cancro da tiroide: incidência não para de aumentar

Atualizado: 
22/05/2019 - 15:18
Atingindo sobretudo mulheres, o cancro da tiroide é uma doença muito prevalente em Portugal. Quando diagnosticado a tempo, é um dos cancros mais simples de tratar e com maior taxa de sobrevivência. Para sensibilizar a população sobre o tema, o especialista em endocrinologia, Luís Raposo, escreve sobre o assunto.

O cancro da tiroide é uma doença muito prevalente em Portugal e no mundo e a sua incidência tem vindo a aumentar, em parte devido a um diagnóstico mais precoce, nomeadamente de formas menos agressivas. A incidência de cancro da tiroide é cerca de 4 vezes maior na mulher do que no homem. Porém a mortalidade tem vindo a diminuir, nomeadamente na mulher devido a melhorias no diagnóstico e tratamento da doença. De facto trata-se de um dos cancros com maior sobrevivência.  

Apesar de a prevalência dos nódulos da tiroide palpáveis ser relativamente baixa (cerca de 5% na mulher e 1% no homem) o diagnóstico ecográfico de patologia nodular da tiroide poderá ser muito frequente, podendo atingir 19 a 68%. Esta prevalência é maior na mulher e no idoso e poderá atingir valores mais expressivos em regiões iodo-carentes como poderá ser o caso de Portugal.

O diagnóstico de nódulos da tiroide, seja pelo exame clínico ou por exame ecográfico acidental, obriga a uma investigação para exclusão do cancro da tiroide, que pode ocorrer em 7%-15% dos casos, dependendo de sexo, idade, exposição prévia a radiação, história familiar de cancro da tiroide e outras determinantes.

A ecografia tem um papel fundamental na seleção dos nódulos da tiroide com maior risco de cancro. Em função da dimensão e padrão ecográfico dos nódulos é possível estabelecer um gradiente de risco, que vai da suspeição muito elevada (risco superior a 70%) a suspeição muito baixa (risco inferior a 3%) ou benignidade (risco inferior a 1%). Recentemente tem vindo a ser usada um outro sistema de categorização ecográfica do risco dos nódulos denominado TI-RADS (Thyroid Imaging Reporting And Data System).

A decisão de realizar uma citologia aspirativa do nódulo da tiroide (vulgar “biópsia” da tiroide) sob controlo ecográfico é tomada com base no risco de malignidade determinado por ecografia. Nos casos sem indicação para citologia, por apresentarem um risco muito baixo, estará indicado o seguimento periódico.

Os resultados citológicos são classificados de acordo com o sistema de Bethesda, que para além das categorias de benignidade e malignidade inclui ainda um conjunto de 3 categorias com risco crescente de malignidade denominadas no seu conjunto como indeterminadas e cujo risco começa em 5-15% e vai até 60-75%. Em alguns casos a citologia pode ser “não diagnóstica” e obrigar a repetição do exame.

A decisão para intervenção cirúrgica é tomada em função da história clínica, dados ecográficos e resultados citológicos. A cirurgia da tiroide deverá ser realizada por cirurgião experiente nesse tipo de intervenção e o seguimento e tratamento do cancro da tiroide, quando confirmado pela histologia, deverá ser feito em centros vocacionados para o tratamento deste tipo de patologia.

Para evitar o diagnóstico excessivo de nódulos da tiroide, recomenda-se que não seja feito o rastreio ecográfico desta patologia em indivíduos sem história clinica suspeita. Em geral, os nódulos da tiroide diagnosticados neste contexto são de pequenas dimensões e apresentam um baixo risco de malignidade.

Autor: 
Dr. Luís Raposo - Endocrinologista Clínica de Santo António
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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