Câmara de Lisboa quer criar unidade de adição assistida para reduzir dependências
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Em declarações, o vereador dos Direitos Sociais da autarquia, João Afonso, referiu que este programa, denominado Perto LX, visa a "intervenção na adição, ou seja, nos consumidores, a prevenção em grupos alvo" e ainda "o apoio na reinserção, para quem sai de um processo de dependência, seja ele qual for".
No que toca à unidade de adição assistida, o objetivo é dar "uma resposta integrada, que tenha várias valências, mas que trabalhe diretamente com quem esteja a consumir e que, inclusive, venha a dar apoio no consumo, o que significa que as pessoas não consumam sozinhas - seja drogas ou álcool - (...) e que através desse processo vão diminuindo o consumo", explicou o mesmo responsável.
Frisando que esta ainda é uma ideia em aberto, João Afonso explicou que a unidade pode ser móvel ou "sobre rodas", com "equipas móveis que vão diretamente à pessoa".
"Tem é de ser um espaço de referência, onde as pessoas saibam que são recebidas, onde não têm constrangimentos e estão à espera delas", vincou.
Questionado sobre se esta infraestrutura se pode traduzir numa sala de consumo assistido, que chegou a ser apontada para locais como a Mouraria e o Lumiar, o autarca considerou que essa é "uma versão simplista e redutora".
"Não é uma porta com uma sala vazia onde a pessoa vai consumir qualquer tipo de substância" que se resolve o problema, mas sim com "um processo de acompanhamento de tudo", sublinhou.
Para tal resposta avançar, "vai ser preciso identificar uma situação em que se justifiquem os consumos, onde se justifique a perceção da comunidade e onde haja aceitação por todos de que essa é uma solução que vai alterar a situação", defendeu.
O autarca falava no final do 1.º Encontro sobre Comportamentos Aditivos e Dependências em Lisboa, no âmbito do qual especialistas nacionais e estrangeiros debateram as principais linhas deste programa municipal para dependências (droga, álcool, jogo, internet ou sexo).
Outra das medidas previstas no Perto Lx foca-se na prevenção, área no âmbito da qual se equaciona a criação de um autocarro ou quiosque informativo com campanhas de sensibilização e sessões informativas, essencialmente destinadas aos mais jovens.
"Um dos grandes problemas neste momento em Portugal e em Lisboa é o aumento do consumo de álcool em jovens com muito pouca idade", notou João Afonso.
No que toca à reinserção, outro dos eixos do programa, a autarquia pretende criar um ponto de acolhimento informal, onde "as pessoas que saibam gerir as suas dificuldades (...) e que lhes permita dar resposta diretamente ou através de outros programas que existam na cidade".
João Afonso adiantou que o Perto Lx, que ainda vai ser trabalhado, "é uma tentativa de sistematização do muito que se tem vindo ao longo do tempo na cidade de Lisboa" sobre a questão das dependências, tendo o intuito de "criar uma rede que traga essas pessoas para dentro da sociedade", evitando, assim, fenómenos de exclusão social.
Já questionado sobre prazos, o autarca indicou que "sim, são "medidas para implementar ainda este mandato autárquico", que termina em 2017.
No orçamento municipal para o próximo ano, está consignada uma verba de 910,5 mil euros para este programa.