4 de Janeiro – Dia Mundial do Braille

Braille permitiu melhor acesso ao conhecimento

Atualizado: 
05/01/2015 - 14:54
Foi em 1827 que Louis Braille inventou o Braille. Um método de sistema de leitura especial que contribuiu para a formação e inclusão de milhões de pessoas pelo mundo.
Braille

Comemorou-se no passado dia 4 de Janeiro o Dia Mundial do Braille. Este dia é celebrado com o objectivo de despertar a atenção da sociedade para os problemas dos cidadãos invisuais. O alfabeto convencional Braille, processo de escrita em relevo para leitura táctil inventado por Louis Braille em 1827, em Paris, compõe-se de 63 sinais formados por pontos de alto relevo. A partir dos seis pontos relevantes, é possível fazer 63 combinações que podem representar letras simples e acentuadas, pontuações, números, sinais matemáticos e notas musicais.

Este método veio permitir aos invisuais o desenvolvimento de um vasto número de actividades até então difíceis de manter. De salientar que a invenção do Braille teve um papel muito importante na inclusão de invisuais na sociedade, que até ali não tinham acesso à leitura e ficavam confinadas em sua própria casa ou internadas em asilos para pessoas com problemas mentais.

Com o Braille as pessoas deficientes invisuais passaram a ter acesso ao conhecimento, à cultura, ao lazer, à informação e, a partir desse conhecimento, elas puderam desenvolver a própria consciência, a pensar por si mesmas, e passaram a ter uma vida de cidadãos.

Apesar desta invenção ter vindo facilitar a vida dos invisuais em muitos aspectos do quotidiano são ainda muitas as dificuldades que esta população tem. Em Outubro do ano passado (2014) a presidente da Associação dos Cegos e Ambliopes de Portugal (ACAPO), Ana Sofia Antunes, em entrevista ao jornal digital Observador, alertou para o facto de perto de 45% das pessoas invisuais estarem desempregadas. A dirigente chamou ainda a atenção para “lacunas ao nível do apoio educacional, seja ele na escolaridade regular como depois na escolaridade superior, as questões de acessibilidade na via pública e aos meios de informação”.

Ana Sofia Antunes alertou igualmente para o facto de esta ser uma população fortemente discriminada. Exemplo disso são as dificuldades no acesso ao emprego, mas também uma simples deslocação, em que uma pessoa cega tem de conseguir ultrapassar uma série de barreiras, principalmente arquitectónicas.

Deficiência Visual
A deficiência visual caracteriza-se pela existência de um dano do sistema visual na sua globalidade ou parcialmente, podendo variar quanto às suas causas, e traduz-se numa redução ou numa perda de capacidade para realizar tarefas visuais. Ou seja, podemos considerar uma pessoa cega como sendo aquela que não possui potencial visual mas que pode, por vezes, ter uma percepção da luminosidade.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a deficiência visual engloba duas grandes categorias: a cegueira e a amblíopia, diferenciadas em função dos critérios "acuidade visual" (do melhor olho após correcção) e "campo visual".

De um ponto de vista do desenvolvimento da pessoa com deficiência visual, a cegueira pode ser de três tipos:

- Congénita - se surge dos 0 ao 1 ano de idade. Neste tipo de deficiência, a pessoa não tem qualquer referência visual – imagem mental. Apenas possui uma representação intelectualizada do ambiente - cores, perspectivas, volumes, relevos -, uma vez que existe ausência do conceito visual.

- Precoce - se surge entre o 1º e o 3º ano de idade;

- Adquirida - se surge após os 3 anos de idade. Também designada de cegueira tardia ou recente. A pessoa possui toda a riqueza do património visual anterior à cegueira. Ao contrário da congénita, existe representação de um objecto ou de um ambiente por analogia.

Principais causas da cegueira
As principais causas de cegueira no mundo não são as mesmas que afectam os portugueses. Em Portugal, como noutros países do Mundo Ocidental, as principais causas de baixa visão e/ou cegueira são a degenerescência macular ligada à idade (DMI), a retinopatia diabética e o glaucoma.

“Em Portugal, embora sem dados concretos, poderemos afirmar que serão poucos os casos de cegueira total por causas passíveis de tratamento médico e ou cirúrgico. No entanto, em consequência do estilo de vida e do aumento da esperança de vida nos países desenvolvidos, temos vindo a assistir a um aumento dos casos de baixa visão por retinopatia diabética e DMI”, explicou Paulo Torres, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia por ocasião do Dia Mundial da Visão, a 9 de Outubro.

Vigiar a saúde dos olhos é a única forma de manter a qualidade da visão. Por isso, Paulo Torres defendeu que “as visitas periódicas ao oftalmologista são fundamentais, assim como a observação dos olhos nas várias fase da vida, como por exemplo nas crianças para despiste da ambliopia, vulgo “olho preguiçoso”, das mulheres grávidas ou em menopausa, cujas alterações hormonais possam provocar doença ocular, de todos os indivíduos na faixa etária dos 40 aos 50 anos em que surge a presbiopia, vulgo “vista cansada”, e nas faixas etárias mais avançadas para despiste de catarata e DMI. E, obviamente, a SPO recomenda vigilância apertada naqueles que têm doença ocular conhecida”.

Alguns factos sobre a cegueira e baixa visão no Mundo

  • Cerca de 285 milhões de pessoas em todo o mundo são cegas ou sofrem de baixa visão. Destes, 39 milhões são cegos e 246 milhões têm deficiência visual moderada ou grave;
  • 90% dos cegos vivem em países pobres;
  • 80% da deficiência visual é evitável, sendo tratável ou passível de prevenção;
  • As estratégias de reparação da visão e prevenção da cegueira são das intervenções em saúde com melhor relação custo-benefício;
  • O número de cegos por doença infecciosa foi bastante reduzido nos últimos 20 anos;
  • Estima-se que haja 19 milhões de crianças com deficiência visual em todo o mundo;
  • Cerca de 65% das pessoas com deficiência visual têm 50 anos ou mais, grupo etário que corresponde a 20% da população mundial;
  • O envelhecimento da população em muitos países significa que há cada vez mais pessoas em risco de desenvolver deficiência visual relacionada com a idade.
Autor: 
Célia Figueiredo
Fonte: 
Observador
SPO
ACAPO
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
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