AVC: controlo e reconhecimento dos fatores de risco são essenciais
Sendo esta uma doença potencialmente prevenida, o controlo e reconhecimento dos fatores de risco por parte da população é essencial, são eles: hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, obesidade e alterações do perfil lipídico (como aumento do colesterol LDL e redução do colesterol HDL).
A tensão arterial elevada é muitas vezes desvalorizada pela população por ser “silenciosa”, mas atualmente sabe-se que cerca de metade dos Acidentes Vasculares Cerebrais poderiam ser evitados simplesmente com o controlo da tensão arterial. Portugal tem uma das mais elevadas prevalências de hipertensão arterial na Europa, afetando cerca de 3 em cada 10 portugueses. Os fumadores apresentam mais do dobro do risco vir a ter um AVC, mas ao deixar de fumar o risco volta ao valor normal após 10 anos. Está também demonstrado que a obesidade é um fator de risco estabelecido para AVC isquémico e estudos epidemiológicos reportam que a partir do IMC de 20Kg/m2, por cada aumento de 1 unidade no IMC o risco de ter um AVC aumenta em 5%.
O AVC agudo é uma emergência médica, como tal, é fundamental que a sua identificação seja rápida para acionar os meios de urgência, pois no caso do AVC isquémico existem atualmente tratamentos que poderão ser aplicados na fase aguda, estando a sua aplicação dependente do tempo de evolução dos sintomas. É importante salientar que os doentes com AVC hemorrágico também beneficiam de tratamento médico precoce.
No tratamento do AVC cada minuto conta e como tal, quanto mais cedo forem acionados os meios, maior é a probabilidade da aplicação atempada das terapêuticas existentes e, consequentemente, potenciar uma maior recuperação e limitar os défices incapacitantes.
Existe uma regra amplamente divulgada nas campanhas de prevenção, que é a regra dos “3 F’s” – FACE, FORÇA, FALA, que tem sido alargada para a regra dos “5 F’s” com a adição de dois componentes:
Face: a face pode ficar assimétrica de uma forma súbita. Peça à pessoa para sorrir e verifique se algum lado está diferente.
Força: diminuição súbita de força de um ou mais membros. Peça à pessoa para levantar os braços e verifique se um deles descai.
Fala: a fala pode parecer estranha, incompreensível, “enrolada” e o discurso não fazer sentido. Com frequência, a pessoa parece não compreender o que se lhe diz.
Falta de visão súbita: perda súbita de visão, de um ou de ambos os olhos, ou visão dupla.
Forte dor de cabeça: dor de cabeça muito intensa, com características diferentes ao habitual e sem causa aparente.
Sempre que sejam identificadas pessoas com algum destes sintomas, é imperativo ligar para o 112.
A principal questão colocada pelos familiares e pelos doentes que sofrem um AVC é se os sintomas regridem. Depende de caso para caso. Poderá existir recuperação completa dos sintomas em menos de 24 horas (chamado Acidente Isquémico Transitório (AIT)); recuperação total dos sintomas após 24 horas; ou o doente poderá ficar com sequelas do AVC. Nos últimos casos, é fundamental a reabilitação, que deve começar precocemente, devendo ser adaptada a cada doente e ser mantida ao longo do tempo.
Bibliografia:
Das RR, Seshadri S, Beiser AS, Kelly-Hayes M, Au R, Himali JJ, Kase CS, Benjamin EJ, Polak JF, O'Donnell CJ, Yoshita M, D'Agostino RB, DeCarli C, Wolf PA. Prevalance and correlates of silent cerebral infarcts in the Framingham Offspring Study. Stroke. 2008;39: In press. Epub ahead of print June 26, 2008. DOI: 10.1161/STROKEAHA.108.516575.
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