Aumento de capital dos hospitais vai permitir pagamento de dívidas
Marta Temido comentava o despacho assinado pelos Ministérios da Saúde e das Finanças, de aumento de capital dos hospitais públicos “de norte a sul” do país e que envolve mais de 450 milhões de euros (não relacionados com as verbas do Orçamento do Estado). As verbas começam a ser disponibilizadas ainda este ano.
“Esta notícia é muito bem recebida, muito bem acolhida (…). Este reforço vai permitir retirar alguns hospitais da falência técnica e por outro lado vai permitir pagar dívidas em atraso”, disse à Lusa a presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH).
Marta Temido lembrou que o reforço vai permitir pagar dívidas vencidas ainda este ano, nomeadamente ao grande credor que é a indústria farmacêutica.
“A verba vai permitir encerrar o exercício económico de uma forma mais limpa. Só à indústria farmacêutica estamos a falar de dívidas de mais mil milhões de euros até Agosto deste ano e prazos de pagamentos que ultrapassam um ano”, adiantou.
Apesar de a notícia ser bem-vinda, a responsável considerou que a grande questão mantém-se: como evitar em 2015 acumulação de nova divida vencida.
“Enquanto presidente da APAH, já comentei esta notícia no ano passado. A questão é como é que para o ano não vamos estar a comentar esta notícia novamente. Que reestruturação, que reorganizações, que eficiências estão a ser trazidas para as estruturas hospitalares de forma a evitar que periodicamente haja necessidade de injectar dinheiros públicos”, disse.
Na opinião de Marta Temido, é necessária “coragem política e envolver todos os agentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para fazer uma reorganização que permita mantê-lo nos seus princípios constitucionais".
“Devemos dotar o SNS de estruturas que permitam responder às necessidades das populações, que se alteraram radicalmente”, concluiu.
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, disse que a verba vai permitir “uma mudança radical na Saúde em termos de equilíbrio dos hospitais e da possibilidade de fazerem novas encomendas, de fazer face à lei dos compromissos e da sua postura perante os fornecedores”.
Paulo Macedo referiu que há hospitais em situações muito difíceis, “designadamente em termos de falência técnica” e que este dinheiro vai permitir a regularização de dívidas, a diminuição do passivo e o equilíbrio da situação financeira.