Estudo

Atacar os açúcares da célula para matar o cancro

Os açúcares produzidos pelas células tumorais são diferentes daqueles que produzem as células normais. Identificá-los pode abrir portas a novos tratamentos contra o cancro.

Salomé Pinho e Celso Reis são investigadores do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) e dedicam-se ao estudo dos açúcares que revestem as células tumorais. O trabalho que têm desenvolvido e publicado nesta área valeu-lhes o convite da conceituada revista Nature Reviews Cancer para escreverem um artigo de revisão sobre o tema de trabalho.

“Este artigo reúne todos os resultados em que demonstrámos a importância inequívoca dos açúcares no diagnóstico, prognóstico e no tratamento do cancro. Foi o acumular de todas estas evidências, resultantes de décadas do nosso trabalho, que foi consagrado e reconhecido pela revista Nature”, explicou a investigadora Salomé Pinho, em comunicado de imprensa.

Os açúcares na superfície das células, escreve o Observador, são importantes nos processos celulares, na sinalização das células e na comunicação entre elas, assim como na dissociação das células tumorais, na formação de metástases e invasão de outros locais no organismo. Os glicanos, um dos tipos de açúcar na superfície das células, são produzidos de forma diferente pelas células normais e pelas células tumorais, e cada tipo de tumor terá também variações específicas destes açúcares.

Conseguir controlar essa produção pode condicionar o desenvolvimento e progressão do cancro. Os investigadores propõe que estes glicanos e respetivo processo de produção possam ser estudados como alvos dos tratamentos contra o cancro.

Em entrevista à SIC, Salomé Pinho revelou ainda que, como estes açúcares são libertados para fora das células, uma análise de sangue poderia identificá-los, permitindo fazer um diagnóstico precoce ou avaliando a progressão da doença.

Fonte: 
Observador
Nota: 
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