Associação Telefone da Amizade ajudou mais de mil pessoas
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Em declarações, José Paulo Leal explicou que a missão envolve 23 voluntários, "sendo que apenas 13 são regulares", e sublinhou que o atendimento se faz "respeitando sempre o anonimato" de quem procura ajuda.
A funcionar desde 1982 no Porto, numa sala propriedade da associação, "o que limita as despesas ao mínimo", a Associação Telefone da Amizade (ATA) vive de apoios de parceiras como a Fundação PT e da Fundação Alberto Canedo, disse o responsável e membro da direção desta instituição particular de solidariedade social.
"Ativo, diariamente, entre as 16:00 e as 23:00, o Telefone da Amizade alargou há uma década a sua disponibilidade com a associação de um endereço de correio eletrónico que permitiu, por exemplo, o alargamento do espaço geográfico de intervenção", acrescentou.
O também voluntário, escreve o Sapo, acrescentou que com a criação do 'e-mail' e da página na Internet passou a haver contactos de todo o território português, de meios migratórios e de cidadãos brasileiros.
"Em Portugal, por ano, morrem cerca de 1.200 pessoas vítimas de suicídio, sendo a principal causa de morte na adolescência e ocorre, na maior parte dos casos, em pessoas que nos três meses anteriores tiveram consultas médicas", alertou o também docente no Departamento de Ciências de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Com uma parte dos voluntários da ATA formados em Psicologia, Economia e Direito, é a "capacidade de saber escutar o fator mais importante no momento em que é feita a formação para um trabalho exigente a nível emocional", explicou. "A introdução do 'e-mail' permitiu também às pessoas poderem expressar-se melhor, pois nota-se que ficam mais soltas quando escrevem por comparação da conversa pelo telefone, em que a sensação de distância e anonimato diminui", argumentou o responsável da associação.
José Paulo Leal contou que quem procura ajuda via correio eletrónico "começa os seus textos quase sempre por dizer que está a pensar no suicídio" e acrescentou que quando o contacto se faz por telefone, isso já "não é tão óbvio", e que "só mais tarde começa a descortinar-se".
Para o voluntário, a missão da ATA "passa também por evitar que o apoio se torne numa relação", explicando "que o importante é apoiar durante a crise, evitando que depois se torne numa dependência do Telefone da Amizade".