ASAE desaconselha mel nas chupetas de crianças
“Os pais deverão ser advertidos que não devem disponibilizar a crianças com idade inferior a dois anos, mel e chá de ervas não indicadas para alimentação infantil”, lê-se na publicação semestral da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) “Riscos e Alimentos”, dedicada ao mel, e baseada em estudos do departamento de alimentação e nutrição do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
As oito investigadoras do INSA relatam naquela publicação o primeiro caso de botulismo infantil em Portugal, uma doença neuroparalisante, rara e grave, e que em Novembro de 2009 foi confirmada a um bebé com um mês de idade.
O rapaz, filho de pais imigrantes da Moldávia e residente em Cascais, recusou-se a comer durante três dias e foi levado ao Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), onde se confirmou o diagnóstico de botulismo infantil, que ocorre quando esporos de bactérias germinam e produzam neurotoxinas do cólon.
“O mel é um reconhecido veículo de esporos de Clostridium botulinum [nome da bactéria patogénica que pode gerar uma infecção alimentar]”, explicam as investigadoras, adiantando que as causas primárias da contaminação do mel devem ser o pólen, o trato digestivo das abelhas, as poeiras e o solo.
Devido ao risco desta doença, as investigadoras condenam o hábito em muitos países de os pais colocarem mel na chupeta dos bebés para os manter mais calmos e criticam as revistas, sites e livros que aconselham a dar chá de camomila às crianças para aliviar dores de dentes e tratar cólicas infantis.
“Esta desinformação pode contribuir para o aumento do número de crianças em situação de risco”, concluem as investigadoras, alertando que a água quente utilizada para preparar infusões de ervas habitualmente designadas como “chá” não destrói os esporos e pode até activar a sua germinação.