40 mil portugueses diagnosticados

Artrite Reumatóide: diagnóstico precoce é essencial para prevenir lesão articular irreversível

Atualizado: 
05/04/2018 - 10:07
Em Portugal existem cerca de 40 mil doentes diagnosticados com Artrite Reumatóide (AR), uma doença que pode limitar os gestos diários destes doentes, como abrir uma porta, agarrar uma caneta ou calçar uns sapatos.

A AR é uma doença auto-imune de etiologia desconhecida, crónica, que se caracteriza pela inflamação das articulações e que pode conduzir à sua destruição. Existe também uma ampla variedade de alterações extra articulares. Afeta duas vezes mais mulheres do que os homens e sua incidência aumenta com a idade.

Em geral acomete grandes e pequenas articulações em associação com manifestações sistémicas como rigidez matinal, fadiga e perda de peso. Quando envolve outros órgãos, a morbidade e a gravidade da doença são maiores, podendo diminuir a expectativa de vida em cinco a dez anos.

O diagnóstico depende da associação de uma série de sintomas e sinais clínicos, achados laboratoriais e radiográficos. A presença de artrite (inflamação nas articulações) é uma característica fundamental da doença. A inflamação articular causa alterações características: edema, dor das articulações e, por vezes, rubor e calor. Causa também rigidez, uma sensação de prisão dos movimentos, especialmente no início da manhã ou depois de períodos de repouso. A orientação para diagnóstico é baseada nos critérios de classificação do Colégio Americano de Reumatologia.

O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para o controle da atividade da doença e para prevenir incapacidade funcional e lesão articular irreversível.

Os objetivos principais do tratamento são: prevenir ou controlar a lesão articular, prevenir a perda de função e diminuir a dor, tentando maximizar a qualidade de vida destes pacientes.

Um estilo de vida saudável deve ser promovido nos doentes com Artrite Reumatóide. Os doentes fumadores devem deixar de fumar. Sabe-se que o tabagismo aumenta o risco de desenvolver AR com anticorpos anti-CCP positivos em indivíduos com susceptibilidade genética. Foi também observado em estudos científicos um risco aumentado de doença em ex-fumadores sem hábitos há mais de 10 anos. Não sendo o único factor relacionado com a doença, aumenta, porém, o seu risco e gravidade.

Neste contexto, não iniciar hábitos tabágicos poderá ser uma forma de diminuir o risco de doença, não prevenindo o seu aparecimento na totalidade. Em indivíduos com excesso de peso, é aconselhado a perda ponderal para prevenir o desgaste articular e outras doenças, como hipertensão e diabetes.

A prática de exercício físico deve ser recomendada, mas sempre orientada pela equipa médica. É aconselhada a realização de exercícios isotónicos e isométricos para fortalecimento muscular e manutenção da função articular, assim como exercícios aeróbicos para otimização do sistema cardiorrespiratório.

A abordagem medicamentosa da terapêutica começa pela educação do paciente e de seus familiares sobre sua doença, as possibilidades de tratamento, com seus riscos e benefícios.

O tratamento medicamentoso engloba o tratamento sintomático e o tratamento da evolução da doença em si. Os anti-inflamatórios e os analgésicos, bem como a cortisona são considerados medicamentos sintomáticos, embora haja estudos que indicam que a cortisona, em doses pequenas a médias evita ligeiramente a progressão das erosões ósseas causadas pelo processo inflamatório.

Os fármacos modificadores do curso natural da doença serão os clássicos, que englobam os imuno moduladores e os imunossupressores, e os bio tecnológicos, sendo que estes vieram alterar profundamente a progressão da doença no sentido favorável. Podem ser feitos em monoterapia ou em terapia combinada, conforme cada caso.

Em doentes aos quais se fazem diagnósticos tardios, e com a progressão da doença em doentes tratados de modo o não mais adequado, desenvolve-se a incapacidade para realização de suas actividades tanto de vida diária como profissional, com impacto económico significativo para o doente e para a sociedade.

Embora sendo uma doença crónica que não tem cura, se precocemente diagnosticada e eficazmente tratada, tem hoje um muito bom prognóstico vital e funcional.

Autor: 
Dra. Vera Las - Reumatologista Clínica Europa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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