Arritmia provoca um em cada cinco AVC
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte em Portugal, estimando-se que a cada meia hora dê entrada num hospital português uma vítima desta doença. Mas o gatilho que faz disparar os casos fatais ou incapacitantes é silencioso e irregular, até se instalar totalmente. A fibrilhação auricular, a mais comum das arritmias cardíacas, é responsável por um em cada cinco AVC.
No seu estado normal, o coração contrai ritmicamente, em consequência de disparos eléctricos regulares. “Quando essa regularidade se perde e ocorre uma perturbação do ritmo cardíaco diz-se que existe uma arritmia”, explicou ao Correio da Manhã o especialista Victor Gil. Se essa arritmia se revelar “completa, rápida e totalmente irregular”, o diagnóstico pode levar à fibrilhação auricular, que aumenta em cinco vezes o risco de AVC.
O caminho para o AVC inicia-se no momento em que as “aurículas perdem a capacidade de contrair ritmicamente e começam a fibrilhar, deixando de enviar de forma regular sangue para o ventrículo”, diz Victor Gil, acrescentando que “o sangue, ao ficar estagnado, pode criar grandes coágulos”.
São estes coágulos que acabam por se soltar, entrar na circulação sanguínea e bloquear grandes artérias do cérebro, provocando consequências devastadoras. Cerca de 50% das pessoas que sofrem um AVC devido à fibrilhação auricular ficam incapacitadas.
Também a taxa de mortalidade sofre um impulso: mais do que duplica em doentes que sofrem de fibrilhação auricular.
Até se instalar totalmente, a fibrilhação auricular passa por duas fases. A primeira é silenciosa. A segunda apresenta sintomas irregulares. Nestas etapas, a dificuldade dos médicos passa por identificar os indícios e avançar com tratamentos para controlar riscos. “Cerca de 70% dos casos de AVC com origem na fibrilhação auricular são altamente evitáveis, se forem identificados e tratados correctamente”, Victor Gil.