Apenas metade dos idosos aproveitaram vacinas gratuitas da gripe
Os valores do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) confirmam um aumento face às épocas anteriores, mas ficam abaixo das expectativas da Direcção-Geral da Saúde (DGS) que pretendia atingir uma taxa de 60%. Na população em geral e nos doentes crónicos a adesão à vacina manteve-se muito próxima dos valores registados nos anos anteriores.
Segundo o relatório divulgado pelo INSA que resume os resultados de um inquérito realizado em Dezembro de 2013, a cobertura da vacina contra a gripe continua a aumentar na população mais idosa, tendo-se registado este ano um aumento de 6,5 pontos percentuais face à época anterior. Aliás, este crescimento nos últimos anos representa uma inversão da tendência geral de diminuição da administração de vacinas que se verificava desde a época 2009-2010 em Portugal e também na União Europeia. O aumento coincide também com a opção, tomada em 2012, de garantir esta vacina de forma gratuita aos portugueses com mais de 65 anos. O objectivo é atingir a taxa proposta pela OMS de 75% da população idosa imunizada.
As estimativas do INSA ficam, no entanto, abaixo das expectativas da DGS que esperava atingir uma taxa de vacinação superior a 60% entre os idosos. Um relatório do projecto Vacinómetro, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, informava em Dezembro que 62% dos portugueses com mais de 65 anos já tinha tomado a vacina da gripe. Mafalda Uva, uma das responsáveis pelo relatório do INSA justifica a discrepância com as "diferentes metodologias" empregues em cada estudo e afirma que os dados reais "variam entre ambas as estimativas". Contacada pelo jornal Público, fonte oficial da DGS diz que a cobertura vacinal da população da terceira idade na época 2013/2014 está estimada em, pelo menos, 57% - estimativa que "apresenta também limitações", ressalva.
A DGS avança que as cerca de 1,6 milhão de vacinas disponibilizadas através do Serviço Nacional de Saúde e das farmácias foram escoadas.
Ainda segundo o relatório do INSA, a cobertura da vacina antigripal na época 2013-2014 na população geral foi de 17,1%, sem diferença significativa face à época anterior (16,3%), revela o estudo epidemiológico, que constou de um inquérito realizado por entrevista telefónica à amostra de famílias ECOS (Em Casa Observamos Saúde), em Dezembro de 2013.
A seguir aos idosos, foram os doentes crónicos quem mais tomaram vacinas contra a gripe (32,8%) e, mais uma vez, a estimativa aproxima-se da época passada (28%). No relatório do INSA pode ler-se que “as estimativas revelam um acréscimo, estatisticamente não significativo, quando comparadas com as estimativas obtidas na época anterior (2012-2013)”.
A vacinação foi efectuada principalmente durante o mês de Outubro (61,1%) em Centros de Saúde (55,7%) e em farmácias (24,3%) e foi recomendada maioritariamente pelo médico de família ou médico assistente (em 75% dos casos) e apenas em 13,8% dos casos foi por iniciativa própria.
O estudo estima que 27,9% da população portuguesa tencione tomar vacinas contra a gripe na próxima época. A estimativa sobe no caso dos idosos para 53,5%. A DGS recomenda anualmente a vacinação antigripal de grupos com risco mais elevado de desenvolvimento de complicações associadas à gripe (idosos, grávidas grávidas com mais de 12 semanas de gestação, doentes crónicos e profissionais de saúde).