Apelo à revogação da portaria da reforma hospitalar
O presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM), Miguel Guimarães, falava aos jornalistas no final de uma visita que fez, juntamente com os sindicatos médicos, ao serviço de urgência do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, voltando a chamar a atenção para a portaria da reforma hospitalar, que caso "fosse colocada em prática, este hospital perdia múltiplas valências que são absolutamente fundamentais".
"Mais uma vez deixo aqui o apelo ao senhor ministro para que revogue esta portaria. Se fosse aplicado, na prática, o que está na portaria mais de uma dezena de valências encerrariam neste hospital. O que o senhor ministro quer com esta portaria é concentrar toda a actividade médica nos grandes hospitais. Esta portaria é verdadeiramente uma aberração", criticou.
Enaltecendo a qualidade do serviço de urgência do hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, distrito do Porto, Miguel Guimarães denunciou uma situação que considerou não ser desejável para a segurança dos médicos e dos doentes que é o facto de só existir um radiologista médico até à meia-noite à semana e até às 22:00 ao fim de semana e também não haver patologista clínico a partir da meia-noite.
"Em termos de internamento este hospital tem um problema que é complicado e que tem que ser resolvido o mais rapidamente possível. É importante que o senhor ministro tenha atenção a esta matéria porque tem deficiência de alguns médicos nalgumas especialidades, nomeadamente na medicina interna, na patologia clínica, na anestesiologia e também na anatomia patológica, entre outras", disse.
De acordo com o presidente do CRNOM, este hospital "teve necessidade de abrir mais 30 camas no internamento devido ao excesso de doentes que estavam a ocorrer ao serviço de urgência".
"Em conversa com o director da medicina interna apercebi-me que neste momento, se por ventura aquilo que o senhor ministro da Saúde prometeu, que era a existência de camas de continuados quando resolveu encerrar camas de agudos estivesse a funcionar, este hospital tem cerca de 30 camas doentes internados nas camas de medicina interna de agudos que estão a aguardar transferência para cuidados continuados", revelou, considerando uma situação "absolutamente lamentável".
Sobre este tema, o presidente do Conselho de Administração, Victor Herdeiro, confirmou a existência de constrangimentos, tal como nas outras unidades hospitalares da região Norte, de "passar estes doentes para os cuidados continuados".
"Neste momento temos alguns doentes internados que estão à espera de vaga nos cuidados continuados", disse.