Antraz
O antraz, ou carbúnculo, é uma doença causada pela bactéria Bacillus anthracis, que pode infectar a pele, os pulmões e o aparelho gastrointestinal. Esta bactéria pode assumir uma forma mais resistente chamada de esporo (bactéria inactiva), que pode sobreviver no solo e nos produtos animais (como a lã) durante anos e até décadas.
Habitualmente, transmite-se às pessoas através de alguns animais, em especial as vacas, as cabras e as ovelhas. Trata-se de uma doença altamente contagiosa e potencialmente letal. Apesar de a infecção ocorrer através da pele, pode também acontecer que as pessoas sejam infectadas através do consumo de carne contaminada ou da inalação de esporos ou de bactérias.
O antraz é uma doença rara nos países onde há uma regulamentação sanitária adequada, no entanto, nos últimos tempos existe grande preocupação em relação ao facto de o antraz poder ser utilizado como agente de guerra biológica.
Diferentes manifestações da doença
A doença causada pelo antraz pode apresentar três formas: cutânea (da pele), pulmonar e gastrointestinal.
Antraz cutâneo
A forma cutânea do antraz é a forma mais comum (95 por cento dos casos) e inicia-se como uma mancha vermelho acastanhada que aumenta com uma vermelhidão importante, levando a formação de bolhas e ao endurecimento da pele.
O centro da mancha então torna-se numa ferida com secreção sanguinolenta, seguida pela formação de uma crosta escurecida. Há gânglios aumentados na região. Aproximadamente 10 por cento dos casos evoluem para a forma sistémica (que se espalha para outros órgãos) que pode ser fatal.
Antraz pulmonar
O Antraz pulmonar ocorre após a aspiração da bactéria e multiplicação rápida desta bactéria nos gânglios do tórax. Nestes gânglios ocorre sangramento e morte do tecido, que espalha a infecção pelos pulmões.
Apresenta-se como uma doença muito grave, levando ao coma e à morte na quase totalidade dos casos.
Antraz gastrointestinal
A forma mais rara da doença, resultando da ingestão de carne contaminada e na presença de algum pequeno ferimento na faringe ou no intestino, permite á bactéria invadir a parede intestinal. A toxina bacteriana causa sangramento e necrose dos gânglios próximos ao intestino. A infecção generalizada ocorre então, com alta taxa de mortalidade.
Sintomas
Os sintomas podem ocorrer de 12 horas a cinco dias após a exposição à bactéria. A infecção cutânea começa com uma protuberância de cor castanho-avermelhada que aumenta de volume e apresenta um considerável edema nos bordos. A referida saliência transforma-se numa bolha, endurece e depois rompe-se no centro, libertando um líquido claro antes de formar uma crosta negra (escara). Os gânglios linfáticos da área afectada podem inchar, a pessoa sente-se doente e por vezes tem dores musculares, dor de cabeça, febre, náuseas e vómitos.
A carbunculose pulmonar (doença dos cardadores de lã), provém da inalação de esporos do bacilo do carbúnculo. Os esporos multiplicam-se nos gânglios linfáticos, próximo dos pulmões, esses gânglios começam a rebentar e a sangrar, espalhando a infecção às estruturas torácicas vizinhas.
Forma-se, então, um líquido infectado nos pulmões e no espaço entre estes e a parede torácica (cavidade pleural). De início, os sintomas são ligeiros e parecem-se com os da gripe. Contudo, a febre agrava-se e em poucos dias surgem graves dificuldades respiratórias, seguidas de choque e coma.
Também se pode verificar a infecção do cérebro e das suas meninges (meningoencefalite). Mesmo que o tratamento seja precoce, esta forma de carbunculose é quase sempre mortal.
A carbunculose gastrointestinal é rara. As bactérias podem crescer na parede intestinal e libertar uma toxina que provoca uma grande hemorragia e morte do tecido. A infecção pode revelar-se mortal se se propagar até à corrente sanguínea.
Diagnóstico
O conhecimento de que um indivíduo esteve em contacto com animais ajuda o médico a estabelecer o diagnóstico.
Por outro lado, a bactéria pode ser encontrada em culturas ou fragmentos da pele no caso da doença cutânea, no escarro no caso da doença pulmonar (embora nem sempre se consiga identificar as bactérias) e no material da faringe no caso da forma intestinal. Uma radiografia de tórax pode mostrar alterações características nos pulmões e nos tecidos ao redor.
Por vezes começa-se o tratamento quando se suspeita da infecção, ainda que não se disponha da sua confirmação analítica.
Prevenção
As pessoas com elevado risco de contrair o carbúnculo (como os veterinários, os técnicos de laboratório e os empregados da indústria têxtil que processam o pêlo de animais) devem ser vacinadas.
Por outro lado, devem ser adoptadas medidas de saúde pública para prevenir contacto com animais infectados.
Tratamento
A forma cutânea de antraz é habitualmente tratada com antibióticos. Já as infecções pulmonares exigem o uso de penicilina intravenosa, embora possam ser administrados outros antibióticos. Podem ainda ser prescritos corticosteróides para reduzir a inflamação pulmonar. Quando o tratamento é retardado (geralmente em decorrência do diagnóstico não ser realizado imediatamente), a morte é provável.