Doença de Alzheimer

Alzheimer na família! E agora?

Atualizado: 
27/02/2020 - 10:13
Como lidar com um familiar a quem, de repente, lhe foi diagnosticada a doença de Alzheimer? Neste artigo explicam-se as principais caraterísticas da doença e deixam-se conselhos para quem têm de cuidar desse familiar: na alimentação, no vestir, ou para minimizar os riscos de ele se perder, pois um dos sintomas mais marcantes da doença é o esquecimento sobre quem é, e de onde é.

A doença de Alzheimer é uma doença crónica e neurodegenerativa, caracterizada por uma deterioração global, progressiva e irreversível das funções cognitivas que acarreta implicações a nível económico e social para o doente e família.

Devido às características da doença, as mais simples atividades de vida diária irão tornar-se progressivamente mais complicadas, e no sentido de tornar o quotidiano dos cuidadores e dos doentes de Alzheimer mais agradável, o enfermeiro poderá ajudá-los a encontrar um conjunto de soluções potencialmente úteis.

A população mundial, nas últimas décadas, sofreu um aumento da esperança média de vida e consequentemente um aumento do número de pessoas com doenças crónicas, conduzindo a problemas sociais e económicos.

As doenças neurodegenerativas, como as demências, fazem parte do leque das doenças crónicas, sendo a Doença de Alzheimer responsável por 50 a 60% dos casos de demência (1).

A Doença de Alzheimer caracteriza-se por uma deterioração global, progressiva e irreversível das funções cognitivas (memória, atenção, concentração, linguagem e pensamento). Conduzindo a alterações do comportamento, da personalidade e da capacidade funcional, dificultando a realização das atividades de vida diária (2).

Esta deterioração é determinada essencialmente por dois processos:

1. Formação de substâncias que impedem o normal funcionamento dos neurónios (2);

2. Diminuição da produção de neurotransmissores, impedindo a comunicação normal entre neurónios (2).

Assim, as mais simples atividades de vida diária tornar-se-ão progressivamente mais complicadas. Por este motivo o cuidador familiar torna-se a pedra angular do tratamento da doença.

De modo a tornar o quotidiano dos cuidadores e dos doentes de Alzheimer mais agradável, seguem-se algumas sugestões que podem ser úteis:

Como lidar com problemas de alimentação?

O excesso de apetite pode ser um problema no início da doença, cabendo ao cuidador a tarefa de restringir a ingestão de alimentos calóricos. Com a progressão da doença o doente pode vir a ter dificuldade em alimentar-se, neste caso o cuidador pode:

  • Sentar-se à frente do doente durante as refeições de modo a que este imite os seus gestos;
  • Incentivar o doente a comer como lhe der jeito. (2)

Quando as dificuldades em engolir impossibilitam uma alimentação saudável e segura, irá precisar de orientação do seu enfermeiro de família sobre outras técnicas de alimentação.

Como lidar com alterações do autocuidado?

Numa fase mais avançada da doença o doente pode não cuidar da higiene pessoal ou não se recordar dos movimentos necessários para a efetuar. Assim deve:

  • Incentivar o doente a manter a higiene pessoal e a seguir uma rotina habitual;
  • Simplificar a tarefa. (2)

Como lidar com problemas de vestir e despir?

Quando o doente começa a ter dificuldade em executar tarefas do quotidiano, como vestir e despir, deverá tomar as seguintes precauções:

  • Substituir laços, botões, fechos de correr e sapatos com atacadores por velcro;
  • Preparar as peças de roupa pela ordem a serem vestidas;
  • Procurar que a pessoa se mantenha bem vestida e elogie o seu bom aspeto;
  • Deixar o doente cuidar-se da forma mais autónoma possível. (2)

Andar sem rumo, pode tornar-se um perigo. Como evitar?

A partir de uma dada fase da doença andar sem destino é umas das características destas pessoas, o que é um grande perigo. Assim, para evitar este problema deverá tomar as seguintes precauções:

  • O doente deve andar identificado;
  • Previna os vizinhos do estado de saúde do doente (estes podem ser uma ajuda preciosa);
  • Em casa, feche as portas de saída para evitar que o doente vá para a rua sem que ninguém se aperceba;
  • Acompanhe o doente sempre que este saia de casa. (2)

Como lidar com alterações do comportamento?

Quando o doente se apercebe que é incapaz de realizar tarefas simples e que está a perder a independência, a autonomia e a privacidade, poderá apresentar um comportamento agressivo, como resultado de um forte sentimento de frustração. Este comportamento pode manifestar-se de diversas formas, tais como ameaças verbais, destruição de objetos ou mesmo violência física. 

Perante estas situações deverá:

  • Procurar compreender o que originou a reação agressiva;
  • Evitar discutir ou ralhar;
  • Não forçar contactos físicos;
  • Agir calma e tranquilamente e procurar desviar a atenção do doente para qualquer outra coisa. (2)

Cuidar de um familiar com doença de Alzheimer oferece dificuldades, por isso não tente lidar sozinho com tudo, aceite toda a ajuda que lhe for oferecida, desde que pertinente. Procure apoio junto do seu enfermeiro de família sempre que não conseguir lidar com alguma situação.

Nota: O texto está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

Referências Bibliográficas

(1) Alzheimer Disease International (2009) – Relatório sobre a Doença de Alzheimer no Mundo. Londres: Alzheimer Disease International, 2009. 

(2) APFADA – Associação de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer. Disponível em: http://alzheimerportugal.org/. Consultado a 05/02/2014 às 21h00.

(3) CASTRO-CALDAS, A; MENDONÇA, A (2005) – A doença de Alzheimer e outras demências em Portugal. Lisboa: Lidel, 2005. 

Autor: 
Juliana Antunes - Enfermeira
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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