Alunos com dislexia menos grave sem o devido apoio nas escolas por falta de recursos
A propósito do Dia Mundial da Dislexia, que se assinala terça-feira, a Associação Portuguesa de Dislexia (Dislex) lança uma campanha de sensibilização com o objetivo de “derrubar ideias erradas e preconcebidas que existem em torno desta disfunção neurológica”.
Em declarações, a presidente da Dislex, Helena Serra sublinhou a importância de as crianças serem atempadamente diagnosticadas e, principalmente, de terem a resposta adequada que passa por professores que receberam a devida e específica formação.
O que não acontece, segundo Helena Serra, a uma grande quantidade de crianças que, após suspeita, são avaliadas, mas “num grau com relativa suavidade”.
“Os casos mais graves são acompanhados por professores que receberam a devida formação, embora este acompanhamento varie consoante a região onde é localizada a escola. Mas os outros casos de dislexia menos grave apenas recebem apoio educativo não especializado e que se baseia na correção de erros e outros trabalhos que aumentam a frustração do aluno”, disse.
Para Helena Serra, Portugal é, em matéria de resposta à dislexia, “uma manta de retalhos”, embora a especialista reconheça alguns avanços.
Faltam, contudo, recursos humanos específicos, sem os quais é impossível um acompanhamento eficaz destas crianças, que permita a identificação do seu “dom”, que pode não passar pelas letras, mas que tende a manifestar-se ao nível das artes, desporto ou outro.
É nesse sentido que a campanha recorda alguns génios como Einstein, Picasso, Da Vinci, Agatha Christie, Van Gogh, Churchill, todos eles disléxicos.
A dislexia é uma perturbação que afeta 600 milhões de pessoas no mundo inteiro. Em Portugal, atinge mais de 5% da população.
Com o lema “Disléxicos como Nós”, a campanha será composta por um cartaz e um vídeo que reflete os vários cenários deste problema em contexto real.