Dia Internacional da Criança com Cancro

A alimentação durante o tratamento oncológico

Atualizado: 
07/12/2018 - 18:08
Todos os anos são registados mais de 300 novos casos de cancro, em crianças e jovens, em Portugal. Hoje, que se assinala o Dia Internacional da Criança com Cancro, falamos-lhe dos cuidados a ter com a alimentação durante a doença.

A alimentação tem um papel fundamental durante o processo oncológico. Ela é responsável por restituir as defesas do organismo e ajudar a colmatar qualquer função que se encontre afetada pelo tratamento oncológico.

Deste modo, uma dieta equilibrada é essencial para permitir uma maior tolerância e resistência aos tratamentos e, consequentemente, aos seus efeitos, contribuindo para uma recuperação mais rápida e uma melhor qualidade de vida.

Embora não existindo um tipo específico de dieta, ela é aconselhada pelo médico e/ou nutricionista, e adaptada caso a caso, tendo em conta o diagnóstico, idade, plano de tratamento e medicação prescrita.

De uma forma geral, em situação de doença oncológica é frequente assistir-se à perda de apetite, a intolerâncias ou aversões alimentares, limitando, deste modo, a riqueza do regime alimentar.

Proteínas, gorduras, hidratos de carbono, vitaminas, minerais e água, nas quantidades adequadas, são essenciais durante este processo.

As proteínas desempenham um papel importante na renovação dos tecidos, no reforço do sistema imunitário e na manutenção das células sanguíneas. Carne, peixe, ovos, leite e derivados, bem como leguminosas (feijão, grão, lentilhas) são importantes fontes proteicas para os doentes pediátricos.

As gorduras, que se podem encontrar em alimentos como o azeite, manteiga, leite, carne ou natas, fornecem uma boa fonte de energia, permitindo ainda a proteção dos tecidos e o transporte de certos tipos de vitaminas através da corrente sanguínea.

Os hidratos de carbono fundamentais para o correto funcionamento dos órgãos, por exemplo, podem-se encontrar no pão, arroz, massa, cereais, leguminosas secas e fruta.

Entre os hidratos de carbono, as fibras têm um papel essencial na prevenção de problemas digestivos.

Vitamina A, B, C, D, E e K são indispensáveis para o equilíbrio do organismo. Assim como os sais minerais já que a carência destes nutrientes podem contribuir para a redução da atividade dos músculos, maior risco de fraturas, dificuldade em absorção de ferro, enfraquecimento dos dentes e osso ou maior sensibilidade ao frio ou ao calor.

A água assume um papel fundamental na reposição dos líquidos, uma vez que, durante o processo oncológico a desidratação é uma das situações mais frequentes, motivada pelos vómitos e diarreia.

Não obstante, em determinadas fases do tratamento, a criança pode necessitar de cuidados específicos no que diz respeito à alimentação.

Quando a criança apresenta falta de apetite, como consequência do tratamento, aconselha-se a que faça refeições leves, mas com alto teor calórico – pão, tostas, bolachas, biscoitos, farinhas lácteas, cremes, iogurtes ou gelados. Sumos e batidos são igualmente recomendados.

Com diarreia, a criança deve comer mais vezes ao longo do dia, realizando refeições com alimentos nutritivos, de fácil digestão e com pouca fibra. Neste caso, deve-se privilegiar o pão branco, bolachas de água e sal ou Maria, arroz, batata, massa, carne e peixe.

A fruta deve ser cozida ou assada e os legumes cozidos. Devem-se evitar os vegetais de cor verde ou escuros. Já os lacticínios devem ser substituídos por alimentos sem lactose ou equivalentes de soja.

Água, chás de ervas ou néctares de fruta diluídos são essenciais para evitar a desidratação que acompanha casos de diarreia.

Em situação de náuseas e vómitos aconselham-se refeições pequenas, frequentes e de fácil digestão. Alimentos frescos, pouco condimentados e com pouca gordura são recomendados.

Também durante os tratamentos oncológicos pode ser necessário recorrer a suplementos nutricionais como forma complementar à alimentação. Neste caso, as fórmulas podem ser em pó (para adicionar aos alimentos) líquidas ou em creme (usadas como sobremesa ou como substituto das refeições).

Não raras vezes, é necessário recorrer à nutrição parentérica, ou seja, à administração direta dos nutrientes na corrente sanguínea, ou ainda, à alimentação através de sonda.

No entanto, o importante é incentivar a criança a comer, variando tanto quanto possível as refeições, e seguindo sempre os conselhos do seu médico.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
Fundação Rui Osório de Castro
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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